Por Tatiana Ades
Confesso estar assustada com a falta de empatia do ser humano.
A capacidade instintiva de entender o outro (independentemente de quem eu seja), está se tornando banal e fria. Não há compreensão além daquilo que eu não concorde ou que “me defina”.
O outro é aceitável ou não, diante das minhas avaliações pessoais, de quem eu sou e como enxergo o mundo. Ou seja, ele é descartável ou não, pois não concorda com as minhas convicções e ideias.
E sem perceber, o novo narcisista, da poderosa era digital, vive afetos da mesma maneira que compra carros, celulares e televisões: tudo é descartável, tudo é líquido e passageiro.
As pessoas estão doentes, principalmente aquelas que enxergam esse mundo mascarado e sem condições de se doar, de trocar e de compreender.
Os sensíveis estão perdidos numa ilha inundada de julgamentos e credos, conceitos e preconceitos.
A psicofobia (preconceito com transtornos mentais), demostra o quanto estamos preparados para aceitar um novo computador que substitua o homem e o quanto não conseguimos entender as dores e desamores do outro.
O suicídio cresce, a incompreensão desaba em desafeto e as pessoas adoecem cada vez mais.
O chamado “louco”, tem sido o único capaz de perceber com tanta lucidez esse mundo psicopata e egocêntrico.
O excêntrico, o anormal e o maluco social tem se mostrado muito mais sensato e equilibrado.
A linha entre a loucura e a sanidade é muito tênue, mas a linha entre a bondade e a maldade está quase imperceptível e ninguém se questiona sobre isso.
O mundo está desabando ou seremos nós meros espectadores de um teatro passageiro?