por Patrícia Gebrim
A verdade é como uma luz que revela tudo sob o qual incide, assim não é tão fácil ser verdadeiro. Quando nossa casa está impecavelmente limpa, a verdade só a faz brilhar mais. Mas o fato é que, sob sua intensa luz, as imperfeições são inevitavelmente reveladas, o que faz com que muitos optem por viver à meia-luz.
Em um ambiente, até que essa pode ser uma boa ideia, aquela luz indireta, suave, que torna tudo mais aconchegante e romântico.
Mas o que acontece quando usamos essa estratégia na vida?
Mostrar pouco para que não se percebam as falhas. Usar de meias-atitudes, meias- palavras. Nos oferecer pela metade, apenas a metade que achamos bela, e esconder a feiura sob os tapetes, sob as máscaras, sob nossas falsas imagens idealizadas. Num primeiro momento até pode funcionar. Iludimos as pessoas, as manipulamos, seduzimos, enganamos.
Mas qual é o preço que pagamos?
Você já pensou nisso?
Ter que manter a ilusão daí para frente. Não poder nunca ser quem de fato somos.
Nunca sabermos se somos de fato amados, ou se é a mentira em nós que está angariando isso que chamamos de amor.
Quer saber? Complicamos demais a vida.
Criamos um circo e passamos a vida nos equilibrando em cabos suspensos, sempre à beira de uma queda, sem redes de proteção. Não há paz. Não há confiança.
Preste atenção.
Mais fácil mesmo é mostrar logo de cara a verdade e pronto!
De preferência comece pelo que está quebrado.
Isso nos liberta de um imenso peso. O peso de ter que agradar. O peso de ter que memorizar mentiras. O peso de ter que esconder coisas. O peso de temer não ser aceito.
É peso demais.
Quando nos amamos a tal ponto de não precisar da aprovação alheia, podemos queimar as máscaras e simplesmente ser quem somos. Nos permitimos a leveza. Nos autorizamos a vida.
Falsas imagens de perfeição não têm vida.
Acabam por apodrecer e se desfazer um dia.
Não queremos nos relacionar com pedaços de papelão.
Não há nada mais encantador do que uma imperfeição com cheiro de verdade.