por Roberto Goldkorn
Não é de hoje que recebo consultas de pessoas que alegam ter dons psíquicos e que, de uma forma ou de outra, sofrem por isso. Dona Angelina me confessa, que desde menina "sabe" quando uma pessoa está doente; e sente que pode ajudá-la com as suas mãos que fervem quando estão "curando". Andrezinho um bem-sucedido empresário da construção civil achou que estava enlouquecendo pelas visões que tinha de acidentes e gente ferida. Com o tempo foi descobrindo que os acidentes realmente aconteciam e ele não podia fazer nada. Goreti sonha com "coisas" que fatalmente irão acontecer e isso a apavora.
Apesar dos céticos estarem sempre prontos a negar as evidências, simplesmente porque não se encaixam nos seus paradigmas, a paranormalidade, é um fenômeno muito mais corriqueiro do que se imagina. E poderia ser muito mais se os sensitivos e paranormais não fossem submetidos a uma repressão silenciosa desde que começam a manifestar seus dons.
Quando uma pessoa culta e respeitada vem a público dizer que "não há provas nem evidências que comprovem a existência desses fenômenos", na verdade, o que elas deveriam dizer é que "eu não conheço as pesquisas e as evidências sobre esses fenômenos." Mas elas existem em abundância.
O problema para a comunidade científica, e para a própria abordagem dos sensitivos, é que esses são fenômenos emocional-dependentes. Isso mesmo, a existência e a manifestação dos fenômenos paranormais, está intimamente ligada às "pulsações emocionais/culturais" do indivíduo. Ou seja, sua formação cultural irá influenciar as suas emoções.
Recentemente assisti a uma reportagem em que um respeitadíssimo médico malaio, "cura" os doentes "espirituais" exorcizando os espíritos malignos exatamente como fazem os "pastores" nas igrejas evangélicas, só que em nome de Alá. Ele tem tanto sucesso que até o governo se utiliza de seus préstimos.
Alguns pesquisadores da década de 70 sugeriram que existia alguma vinculação entre as desordens que se chamavam de histerias e a mediunidade, e apesar de não podermos confirmar isso, eles estavam mais "quentes" que "frios".
O próprio fenômeno do Poltergeist, que foi rebatizado de R.S.P.K sigla em inglês para Recourent Spontaneos Psico-Kinetics, (Psico-cinese espontânea recorrente), talvez o mais pesquisado de todas as manifestações, já se sabe que é causado por jovens (entre 12 e 16 anos) com sérias perturbações emocionais.
Mas obviamente não é só isso. Se todo jovem com "graves perturbações emocionais" fizessem objetos saírem voando, telefone discarem sozinhos, sofás pegarem fogo, lustres balançarem, isso aqui iria ficar muito engraçado. O segredo é a conjunção de dotes psíquicos naturais e as emoções descontroladas, às vezes na presença de um terceiro elemento deflagrador.
Assim a primeira coisa que devemos nos preocupar em examinar são as condições psicológicas e emocionais que estão presentes na vida do sensitivo. Naturalmente não estamos falando dos "gigantes" da paranormalidade, como Nina Kulagina, Uri Geller, Thomas Green Morton ou Edelarzil Munhoz, mas sim de pessoas que moram ao nosso lado e que apresentam sempre ou esporadicamente fenômenos psíquicos.
Para a ciência isso representa uma imensa barreira uma vez que não possui ferramentas (nem conceituais, nem materiais) para lidar com algo tão volátil quando as emoções humanas. O prof. J. B. Rhine criador da moderna parapsicologia que o diga. Suas tentativas de tratar os fenômenos psíquicos pelos rigorosos métodos científicos esbarraram justamente no que ele chamou de "boredom effect" ou efeito "saco cheio." Depois de algum tempo repetindo as mesmas experiências os sujeitos das pesquisas passavam a cair vertiginosamente em suas pontuações, porque as tarefas se tornavam irresistivelmente enfadonhas.
Mas de uma forma ou de outra todos nós, uns menos outros mais somos sensitivos. O importante é saber que aguçar as nossas habilidades de perceber o Mundo, só melhora a nossa capacidade de agir certo; e tomar as decisões que melhor podem nos ajudar a caminhar. Para aqueles que já têm essas capacidades desenvolvidas mas que estão mais ou menos fora de controle, a orientação é buscar se conhecer e trabalhar as emoções.
Em geral os sensitivos têm antenas mais poderosas que nós, vasculhando o éter em busca de informações. Mas essas antenas não são máquinas comuns e sim máquinas emocionais. É justamente a carga emocional que vai selecionar o tipo de informação que vai ser captada e transmitida (e como será transmitida). Por isso é tão difícil para os sensitivos captar informações sobre sucessos, ou coisas boas como o nascimento de um bebê. Fazer um inventário de como a sua mente trabalha, serenar as emoções e desenvolver a Vontade..
A Vontade é o desenvolvimento de uma força mental, cerebral, de uma elaboração racional, esculpida com paciência, determinação e controle. Só quem desenvolve a Vontade pode ficar acima dos condicionamentos sociais/culturais, e dos desejos dos corpos inferiores. Para controlar os dotes psíquicos é preciso Vontade desenvolvida para não ser controlado por eles. Esse é um processo superior, intelectual, de auto-consciência e libertador. A psicanalise, se baseia nesse principio: des-cobrir as pulsões do Inconsciente para poder se assenhorar delas e não o contrário.
Essas são atitudes fundamentais para que os sensitivos vivam melhor com a sua condição e transformem, o que para muitos é uma maldição, em ferramentas de progresso e qualidade de vida.