por Patricia Gebrim
Como você lida com um conflito? Você o enfrenta, ou procura evitá-lo a todo custo? Você se sente desafiado por um conflito? Ou temeroso? Sente certo prazer ou se angústia ao ter que lutar por algo?
Por mais que tentemos evitar, os conflitos fazem parte da vida. Muitas vezes são eles que nos fazem crescer, que nos empurram para fora da zona de conforto, que nos ajudam a descobrir forças que desconhecíamos em nós, lutar contra a injustiça, fazer com que nosso espaço seja respeitado.
Algumas pessoas evitam sequer aproximar-se da zona de conflitos.
Mesmo que tenham que trair a si mesmas, mesmo que tenham que fugir, ou se esconder, fazem de tudo para evitar uma briga, pois têm pouca confiança em si mesmas e em sua força. Estou falando das pessoas “boazinhas”, dessas que tentam agradar a todos, que tentam ser sempre sensatas e compreensivas, que evitam qualquer tipo de confronto por medo do conflito que poderia surgir. Não podem sequer discordar do outro. Uma pena. Um bom conflito lhes faria muito bem. As ajudaria a estabelecer melhor seus limites, a impor mais respeito. Essas pessoas muito teriam a ganhar aprendendo a lutar quando necessário. Na verdade faz parte de seu caminho de crescimento aprender a se colocar com mais firmeza na vida, defender seus interesses, conquistar e proteger seu espaço. Isso as tornaria mais seguras. Em geral as pessoas “boazinhas” escondem uma boa dose de medo e insegurança. Temem os conflitos, pois no fundo não se sentem capazes de defender a própria cabeça, assim pensam que é melhor fugir e ceder do que acabar decapitadas! E tanto cedem que fazem mal a si mesmas.
Mas existem também as pessoas consideradas poderosas e fortes que, como as “boazinhas”, evitam conflitos. Por quê?
Muitas vezes uma pessoa “poderosa”evita entrar um conflito, pois tem medo de perder o controle de sua força e acabar agredindo o outro de forma desmedida. Tem medo das próprias garras. Temem usar as palavras de maneira excessiva e cortante, temem acabar decapitando seus oponentes. E por não conseguirem um controle adequado de sua força, acabam por não se posicionar quando necessário; às custas de uma enorme dose de energia usada para conter a agressividade que brota na iminência de um conflito.
O desafio dessas pessoas é aprender a controlar sua força, aprender a se posicionar sim, mas sem destruir o oponente. Lutar pelo que é justo, sem esquecer-se de que o outro merece respeito. Se não aprendem a fazer isso, se tentam conter-se a todo custo, tornam-se panelas de pressão prestes a explodir. A energia contida vai se acumulando em seu interior, muitas vezes escapando na hora errada, com a pessoa errada… creio que você já deve ter presenciado algo assim.
Saiba escolher suas batalhas.
Use o bom senso … não entre em um confronto para defender seu time de futebol, mas se for necessário enfrente um adulto que esteja espancando uma criança indefesa.
Precisamos aprender a escolher as lutas nas quais decidimos nos envolver. Não temos que entrar o tempo todo em conflito, nem daríamos conta disso! Muitas vezes é mais sábio ceder, deixar passar. Situações que acontecem no trânsito são um bom exemplo.
Mas existem situações nas quais é importante que a gente se posicione, mesmo correndo o risco de gerar um conflito. Quando somos desrespeitados, quando nos tratam com falta de consideração, quando nossos limites são invadidos. Nesses casos não me parece saudável simplesmente agir como se nada estivesse acontecendo. Ouçam, eu não estou dizendo que é necessário já partir para a luta, para o ataque à mão armada! Mas é preciso que você se posicione assertivamente, com clareza, força e firmeza e deixe claro que não permitirá mais que essa situação de desrespeito se repita. Mesmo que isso acabe gerando um certo conflito, porque aquela pessoa não vai gostar do que você vai lhe dizer.
Assertividade não é agressividade. Seja assertivo.
Aprenda a diferenciar essas duas palavras. Ser assertivo é se posicionar com firmeza e clareza. Ser agressivo é hostilizar, provocar, atacar.
Muitas vezes basta uma boa rosnada para que as pessoas compreendam que não permitiremos que nos desrespeitem ou invadam. O importante é encontrarmos o meio-termo, o ponto saudável que fica entre os extremos fugir/agredir. Não devemos ser subservientes ou submissos por medo, deixando de ocupar nosso espaço, nos deixando ser desrespeitados e invadidos. Tampouco devemos nos tornar agressivos despejando sobre os outros nossa ira desmedida.
Cada um de nós precisa compreender em que direção precisa seguir na busca de uma maneira mais equilibrada de lidar com os inevitáveis conflitos que surgirão em nossas vidas. Saiba qual é seu ponto fraco e dedique-se a transformá-lo. E ouça, não se desconecte de seu lado racional. A assertividade e o posicionamento saudável em uma situação de conflito requerem racionalidade. Não se torne emocional demais ou cairá nas armadilhas dos opostos e acabará sendo tomado pelo medo ou pela fúria.