Por Thaís Petroff
Pode ser que quando você pense em uma pessoa dependente emocionalmente, venha à cabeça alguém supercarente, que não desgruda da outra pessoa e que não consegue fazer nada só. Isso também pode ser verdade, mas não é a única possibilidade.
Você sabia que o termo dependência emocional começou a ser utilizado derivando do termo codependência emocional que foi criado inicialmente para se referir às pessoas que se envolviam emocionalmente com outras que tinham vícios, tais como adicção às drogas e alcoolismo? Elas, mesmo que não fizessem uso de substâncias, acabavam por terem suas vidas completamente desestruturadas por mergulharem na vida de seus parceiros buscando ajudá-los, salvá-los. Faziam tudo por eles e esqueciam de si mesmas. Com o tempo foi se percebendo que isso também ocorria em outras relações que não necessariamente tinham drogas ou bebida alcoólica. Que algumas pessoas tinham um padrão de comportamento no qual se relacionavam com pessoas com problemas emocionais, workaholics… e estavam sempre à disposição, querendo resolver os problemas do outro e deixando-se de lado.
É nesse contexto que falamos de dependência emocional. Olhar demais para os outros e esquecer de si.
Todos nós temos algum grau de dependência emocional e que pode aparecer mais ou menos, dependendo do momento das nossas vidas, das pessoas que estamos nos relacionando (família, amigos, parceiros amorosos, pares, chefes…). Isso acontece porque em maior ou menor grau, todos nós temos questões afetivas não supridas ligadas aos nossos pais, que por mais que tenham sido o possível do que podiam nos oferecer, são humanos e falíveis. Desse modo, temos carências, medos, inseguranças… que se refletem não somente nas nossas relações pessoais, mas também nas profissionais.
Você sabia inclusive que pessoas que são muito independentes, que tendem a se isolar, que são muito proativas e auxiliam muito as pessoas, mas que não pedem ou têm dificuldade em receber ajuda, podem também ser dependentes emocionais?! Sim! Elas podem por trás dessa postura toda: “Eu me banco e não preciso de ninguém”, esconder um poço de insegurança, de medo de confiar e no fundo querer MUITO receber, mas não acreditar que merecem ou têm medo de receber porque nem sabem o que fazer com isso. Então mantêm o modus operandi automático de serem muito produtivas, perfeccionistas, “almas bondosas”, que estão sempre solícitas para ajudar todo mundo, mas nunca receber ajuda. Você se reconhece nesse padrão ou conhece alguém assim?
E como isso se reflete na vida profissional?
Geralmente são pessoas extremamente competentes, mas muito insatisfeitas consigo mesmas e que fazem além do que dão conta. Para agradarem, serem aceitas, serem queridas e pertencer podem se calar e não colocar suas opiniões. Como já disse acima, fazem muito, mas pouco recebem, se isolam ou falam somente de questões superficiais ou de trabalho para não abrir como realmente se sentem. Podem inclusive ser workaholics, pois têm dificuldade em lidar com suas próprias emoções e nem sabem o que fazer com seu tempo livre (já que muita vezes não têm conhecimento do que gostam, de seus verdadeiros interesses etc.) O foco é para fora (nos outros, no trabalho…) porque têm muita dificuldade em estar consigo.
Isso pode ocorrer tanto com homens, quanto mulheres e o problema disso é que vai gerando uma insatisfação crescente, que pouco é olhada, e nunca é resolvida (ou é mascarada com vícios: bebida alcoólica, comida, sexo, trabalho…) e muitas vezes isso resulta em um quadro de estresse, de burnout, de ansiedade ou depressão. E, quando isso ocorre, a pessoa é convidada pela vida para parar e olhar para dentro, mas muitas vezes por medo ou por não ter nem ideia do que está acontecendo ela, se medicará e voltará à mesma rotina e mesmo padrão de sempre.
Por isso convido a você a uma reflexão e a olhar para dentro com sinceridade para perceber se você não está se escondendo atrás de um monte de coisas que você faz e/ou também por ser tão legal e tão disponível e solícito aos outros. Será que você pode estar se esquecendo de você mesmo(a)?
Fonte: www.thaispetroff.com.br