Por Karina Simões
Estamos na época da modernidade afetiva e muitas coisas mudaram por aqui. Esse fenômeno – orbiting – é mais comum do que você imagina no âmbito dos relacionamentos atuais.
Funciona assim: uma relação, uma paquera ou até mesmo o seu crush chega ao “fim”. Então a pessoa corta toda a comunicação direta com a outra, mas continua a acompanhar o que a outra faz nas redes sociais. Apenas “acompanha”, mas não trava qualquer outro tipo de comunicação. Curte e acompanha, mas não interage de nenhuma outra forma mais profunda, ficando na interação superficial. Fica apenas “orbitando” sobre o espaço virtual do outro. Daí vem o próprio nome.
Antes da chegada da internet, das redes sociais e de toda essa modernidade atual, se uma pessoa se afastasse da outra pessoa e “cortasse” relações, mas continuasse curiosa em relação à sua vida, não teria como acompanhar o que a outra pessoa estava fazendo. Ficava, pois, sem informações e se mantinha na curiosidade. Hoje, levamos menos de um minuto para descobrir o que quiser. As redes sociais e a internet fornecem todo saciamento necessário para os curiosos de plantão. E todo esse novo processo da curiosidade fez nascer o que hoje acompanhamos e chamamos de “orbiting”.
O que percebo muito na clínica, com meus pacientes, é que todo esse comportamento de orbitar passa a confundir as pessoas e os sentimentos envolvidos. A prática desse comportamento tem feito com que ex-parceiros imaginem que existem chances de voltar o relacionamento e alimentam pseudoesperanças de um retorno.
É bem verdade que temos que ir adaptando-nos às várias versões e modalidades das relações atuais, mas também sempre lembrando que não devemos nos perder nos valores internos que temos e nos quais confiamos como sendo éticos e congruentes com nossos sentimentos e a nossa verdade. Esse será sempre o melhor caminho a orbitar na vida: a sua verdade com respeito à verdade do outro! Fica ligado nessa órbita!