Jenna Kutcher me provocou um grande insight, especialmente sobre coisas há muito tempo estabelecidas e sobre as quais vinha desenvolvendo toda a minha vida pessoal e profissional. Ela, discípula do coach dos coaches, Tony Robbins, uma milionária americana que se descreve com múltiplas atribuições, que brada seus múltiplos interesses, uma empresária do marketing digital, mas que declaradamente ama fotografar, fazer cocktails, dá palestras sobre temas diversos, mentorias baseadas em sua vida e não só em conhecimentos técnicos ou especializações que adquiriu ao longo de sua trajetória profissional. E não, não precisei comprar nenhum de seus enlatados programas de autoajuda para aprender muito com sua história. Vale ressaltar que Jenna é bem-sucedida exatamente por apresentar-se tão multifacetada, além de dominar os algoritmos das redes sociais.
Seu “clique” me remeteu à minha própria formação em Coaching, quando fui conduzida a descrever minha missão, minha visão de vida e meus valores, após terem me apresentado teorias e práticas relacionadas a esse exercício, para que eu pudesse desenvolvê-lo com meus clientes. O primeiro item (missão), e tudo aquilo que eu havia designado para ele, logo me vieram à cabeça ao conhecer o perfil de Jenna e ouvi-la um pouco mais. Informo que me descrevi como missionária na arte de ser “mãe, mulher e empresária, dando sempre o meu melhor em todas essas funções”. Assim, múltipla.
Embora esse conjunto seja genuinamente parte daquilo que fui “chamada” a fazer nesta vida com mais capricho e alegria, o equilíbrio sobre todas essas coisas sempre me assombrou. Então, o objetivo do exercício não estava cumprido, não havia conseguido sintetizar ali a minha plenitude, deixando fios soltos para que eu pudesse sempre refletir a respeito e me angustiar com isso. Nada condizente com a solidez norteadora de uma missão de vida. Mas percebi que isso ocorria menos pela falta de autoconhecimento ou pelo que significava, na prática, o “empilhar de pratos” descrito no exercício, e mais pelo que se esconde por detrás da definição dos papéis sociais que declaradamente assumi como o meu chamado para a vida.
Como ser mãe, empreendedora e mulher?
Em primeiro lugar, aprendemos que mães não podem errar, seus filhos devem ser o centro de sua vida (então, como ser mulher e empresária?). Depois, uma atividade profissional descrita de modo tão genérico e a própria autodescrição sob tantas funções nos confundem sobre nossa própria identidade (segundo aprendemos, nosso trabalho nos classifica social e moralmente). E, afinal, o que é ser mulher, no século 21? Contudo, não é válido, como missão de vida, ser mãe, empreendedora e mulher, da melhor maneira possível e seja lá o que isso signifique?
O que Jenna me ensinou foi que sim, tudo isso era válido, mas desde que vivido de forma autêntica, assumindo o que eu naturalmente era inclinada a fazer ou ser independentemente de conceitos preestabelecidos ou de papéis aceitos ou malvistos na sociedade. Foi assim que a multifacetada guria me cativou e me pôs em paz com minha missão.
O que é viver com autenticidade?
Sendo assim, autenticidade me pareceu a palavra-chave nesse exercício, entre todos os outros nortes possíveis. Para ser qualquer coisa na vida, é preciso sê-lo com verdade. Não é para ostentar nada a ninguém, nem massagear o próprio ego com a ilusão daquilo que gostaríamos de ser… é, sim, para fazer aquilo que fazemos de melhor para o mundo e mais gostamos de fazer.
Mais importante, ainda, foi que com Jenna me pus a analisar todos os meus gurus e mentores, tirei da lista aqueles que vendiam uma imagem falsa daquilo que eu acreditava neles. Mantive os que pregam o que fazem e vice-versa. E, como alguém que mentora, treina e forma opinião, passei a cultivar e exibir minhas verdades com mais carinho, ainda que sejam só minhas essas verdades. Sou a mãe que decidi ser, a empreendedora e coach que me permiti e a mulher que sempre desejei. E quem nelas acredita caminha junto.