por Tatiana Ades
Semana passada, recebi via e-mail um convite um tanto estranho: ir numa festa de divórcio. Fiquei me questionando sobre a intenção real dessa festa, lembrando-me das juras de amor que essa amiga confidenciava, dizendo ser a esposa mais feliz do mundo!
Ela chegou na festa toda de preto, roupa apertada, saltos altíssimos! Os convidados também estavam de preto e muitos deles eram divorciados que festejavam a liberdade.
A dança rolou a noite toda e no meio da festa dançarinas e dançarinos se exibiam para descontrair ainda mais os convidados.
Pensei muito sobre isso e pesquisei sobre esse comportamento. Hoje em dia essas celebrações estão se tornando cada vez mais comuns. Empresários até investem nesse nicho, fazendo bolos especiais e produzindo festas glamurosas para quem deseja comemorar o final do casamento.
Muitas mulheres realmente se sentem livres e aliviadas com alguns términos de casamento. Mas o fato de precisar mostrar isso de forma muito exacerbada me faz pensar que essa pessoa ainda se sente emocionalmente corrompida, traída e triste.
Essa amiga que ofereceu festa me confidenciou que se o ex pedisse para voltar, ela estaria de braços abertos… Quanta contradição para quem gastou uma boa grana com comidas, bebidas e excentricidades.
Será que a verdadeira felicidade precisa ser mostrada nua e crua, ser evidenciada, ser extrapolada? Será que a sensação de liberdade não surge aos poucos com o passar do tempo e com a sensação de melhora de autoestima e controle emocional?
Eu acho que sim! Acho que essas mulheres ainda se sentem desconfortáveis com a vida que ficou para trás e tentam enganar a si mesmas mostrando aos outros o quanto “não estão nem aí”.
Todo processo de separação é doloroso, mesmo quando há o desejo por parte de ambos. Não podemos esquecer que o costume e a comodidade são retirados de nós. Há um tempo necessário para cada pessoa, um tempo que precisa ser respeitado e vivido nesse processo de transição. Nada é 8 ou 80, nenhuma reação extravagante demais reflete felicidade e sim conflitos mal resolvidos.
Por isso, após uma separação, o ato de festejar deve ser seu, interno e cauteloso; para que o crescimento individual seja concretizado. De nada adianta tapar o sol com a peneira. As dores devem ser sentidas para terem um fim real dentro de nós.
E vamos festejar internamente o renascimento de uma nova pessoa. Isso me parece mais saudável!