Da Redação
Estima-se que 9 em cada 10 brasileiros têm um celular, ou seja, quase todo mundo tem esse aparelho na palma da mão.
Na média, o brasileiro passa três horas por dia no celular, segundo um estudo realizado em 2016 pelo instituto de pesquisa Millward Brown Brasil e pela empresa de pesquisa NetQuest. Não por acaso, vive-se hoje uma onda de lesões resultantes do uso excessivo da tecnologia – o tablet entra nessa também.
Se antes as lesões por esforço repetitivo estavam mais ligadas à profissão, hoje é cada vez maior o número de pessoas que chegam aos consultórios médicos vítimas do mau uso da tecnologia. Estudos mostram que teclar é uma atividade perigosa para saúde musculoesquelética devido às posturas incorretas que a pessoa adota, além dos movimentos repetitivos, principalmente feitos com o dedo polegar.
“O uso excessivo do celular e as posturas incorretas adotas pelos usuários aumentam o risco de desenvolver quadros de tendinite, tenossinovite (tipo de inflamação no tendão) e osteoartrite (doença articular) nos dedos, mãos e punhos. Os ombros também sofrem, pois ficam sobrecarregados pelo esforço de manter o celular próximo aos olhos. Por último, temos as queixas de dores no pescoço devido à posição baixa da cabeça”, explica a fisioterapeuta Walkiria Brunetti.
Síndrome tem até nome
Em 2014, foi publicado no The Lancet um estudo que deu um nome para a síndrome ligada ao uso excessivo do celular: WhatsAppinite. “A repetição dos movimentos sobrecarrega o tendão que flexiona e que estende o polegar, causando uma inflamação que leva à dor e ao inchaço. Assim se instala a tendinite. “Se não tratada e, claro, se a pessoa não reduzir o uso do celular, a inflamação pode danificar os tendões e as articulações, não só do dedo polegar, como da mão e do punho”, diz Walkiria.
Bom senso é sempre bem-vindo
Não precisa dizer que a solução número 1 é reduzir o uso desses aparelhos, né? “O segredo é equilibrar o uso de tecnologia com outras atividades, como ler, ir ao cinema, fazer ioga, Pilates, nadar, enfim, basta usar o bom senso e equilibrar o celular com outras rotinas”, sugere.
Outra dica da fisioterapeuta é realizar alongamento das mãos, punhos, pescoço, ombros, braços e antebraços a cada 20 ou 30 minutos quando estiver no celular ou até mesmo no computador.
Eu, Ângelo Medina, editor deste site, neste momento realizo fisioterapia diária por conta de uma tendinite e, segundo meu fisioterapeuta, os alongamentos têm ação preventiva. Se tivéssemos o hábito de realizá-los, preveniríamos uma série de lesões. Mas para aprender e realizar os alongamentos de forma correta, é necessário orientação especializada.
Mais dicas
Usar as duas mãos também é importante, assim como não deixar o pescoço muito abaixado e sobrecarregar os ombros para segurar o aparelho.
“Tenho indicado para os pacientes que chegam para a fisioterapia, vítimas do mau uso da tecnologia, explorar melhor os recursos de voz do celular. Em todos os aplicativos é possível enviar mensagem de voz e até mesmo buscar por serviços por meio da voz. Isso já ajuda a dar um descanso para os dedos das mãos e punhos”, comenta a especialista.
Quando os quadros de dor são detectados e a tendinite for confirmada pelo diagnóstico médico, a fisioterapia ajuda a fortalecer músculos e articulações e também melhora a flexibilidade, sem contar na redução da dor. Entretanto, se a pessoa voltar aos velhos hábitos, a inflamação irá persistir. Por isso, é preciso pensar em formas de reduzir o uso desses dispositivos, fazer um verdadeiro detox digital.
Atenção
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico ou fisioterapeuta e não se caracteriza como sendo um atendimento.