por Carminha Levy
A chamada loucura são desordens mentais que são um grande desafio para a psiquiatria e psicologia ocidentais. Ela se caracteriza pela incapacidade de perceber o mundo em termos normais; de pensar e de responder com um emocional exarcebado. Sua sociabilidade não é aceitável como também a sua comunicação não é de modo apropriado e nem adequado.
A ciência moderna descobriu modificações anatômicas, fisiológicas e bioquímicas de base no cérebro e, apesar de grandes avanços médicos, a loucura não foi totalmente elucidada como também a sua causa por tratar-se de um mistério que até os dias de hoje não foi completamente revelado.
A psicologia profunda tenta descobrir as causas dos problemas mentais em eventos da vida do paciente, em geral ocorrências na infância. Porém, muitas psicoses não conseguem ser enquadradas em nenhuma dessas duas hipóteses: anatômica e na história de vida do paciente. Certas emoções e sensações físicas extremas, visões e experiências de ser engolfado pelo universo, de torturas diabólicas, sentimentos de culpa e sensação de condenação eterna e principalmente impulsos agressivos indiscriminados, em muitos casos não encontram explicações nas condições específicas de vida do indivíduo.
Mesmo experiências profundamente gratificantes com heróis em ambientes místicos ou com regiões celestiais, não tem um lugar lógico no mundo da ciência. Nas últimas decadas surgiu na psicologia profunda, cujo maior representante é o Jung, uma luz que ilumina os legados espirituais de várias culturas e fornece a base que revelam as raízes da ideia de emergência espiritual, única solução para compreensão e cura de uma pseudoloucura.
O pictograma chinês para “crise” é perfeito para simbolizar a emergência espiritual. Composto de dois signos básicos um deles significa perigo e o outro oportunidade. A emergência espiritual pode se manifestar numa variedade de manifestações e eis algumas delas:
1. A crise xamânica
2. O despertar da kundalini
3. Experiências culminantes – Consciência Única
4. Experiências com vidas passadas
5. Comunicações com espíritos guias
6. Experiências de proximidade da morte
7. Estados de possessão, entre outras emergências espirituais
Crise xamânica
Como sabemos o Xamanismo é a mais antiga religião do mundo (re-ligare) e é a mais remota arte de curar da humanidade. O xamã entra naturalmente em estados incomuns de consciência para curar, obter informações ou realizar rituais destinados a celebrar a Mãe Terra, equilibrar o clima e mais modernamente influenciar os governantes em relação à cura da Terra através da consciência ecológica.
A crise xamânica é um episódio dramático de estado alterado de consciência que a psiquiatria vê como grave doença mental. Ela inclui experiências visionárias de descida ao mundo “inferior”, seguida por um desmembramento, morte e um renascimento. Após ver seus olhos arrancados, lavados para que possa assistir seu corpo ser desmembrado e jogado nas quatro direções sagradas, onde entra em contato com os “demônios” de todas as doenças, o xamã é remontado e levado aos céus.
Se a pessoa que apresenta esses sintomas têm a sorte de ser amparada por um médico ou psicólogo que possua conhecimento científico do problema e não interfira com medicação ou internação, ela sairá da crise não só curada, mas com grande visão do seu papel na comunidade. Seus padrões neuróticos serão transmutados, pois teve seus olhos lavados para que pudesse mudar sua visão pessoal e receber uma nova realidade. Deve abandonar os preconceitos, o pessimismo diante da dor e do sofrimento. Aprenderá a olhar a morte de frente e entender as doenças também como oportunidades de equilibrar seu interior. Uma nova conduta se estabelecerá regida por compaixão e não julgamento. Se posteriormente ele for bem acompanhado por um xamã, poderá chegar à maestria curando com o amor as doenças físicas e da alma.
Por ter também sido levado aos céus e chegado a “extremidade do mundo” (limites da existência humana), com as qualidades de seus animais de poder, tornam-se sagrados por contato com sábios portadores da Vida. O xamã recebe de fato “olhos de ver e ouvidos de ouvir”. Mesmo que tenha sido escolhido contra a vontade, deve agir de acordo com seu conhecimento ampliado do ser e introduzir esse conhecimento no mundo humano. Ele foi aprisionado pelos espíritos e deve servir ao mundo espiritual.