por Nicole Witek

Podemos desacelerar o envelhecimento, compreendo claramente a diferença enorme que existe entre a idade biológica e a idade cronológica do corpo.

Quando se pratica o hatha yoga, gradativamente começamos a raciocinar em termos biológicos. Assim podemos dizer que existem jovens velhos e velhos jovens.

Quando esquecemos a idade cronológica, podemos nos transformar.

É catastrófico quando a consciência da idade avançada impregna o psiquismo da pessoa e ouvimos, por exemplo, um homem de 40 anos dizer: “Estou velho demais para jogar tênis, isso me cansa demais, eu deveria jogar golfe”. Durante sua vida todinha o homem é hipnotizado pela sua idade cronológica.

Nas mulheres, a virada para os quarenta anos marca uma passagem para um futuro cheio de ameaças. As mulheres de 30 estão com inveja das de 20, que também já invejam as adolescentes. Seríamos muito mais felizes e com uma saúde melhor se pudéssemos nos programar mentalmente a respeito da nossa idade cronológica e biológica.

Estilo no ocidente

Na cultura ocidental, podemos reparar categorias de comportamentos que levam prematuramente à velhice. Por exemplo, a tendência das pessoas de cinquenta anos a se vestir como idosos. As mulheres se tornam cada vez mais conservadoras e alguns homens passam a se vestir de qualquer forma, porque pensa que passou da idade em que as pessoas se interessam pelo que usa.

Não é para sair por ai como uma adolescente, mas qualquer que seja a idade, sempre podemos nos vestir segundo nossa personalidade. E agradável encontrar um adulto, homem ou mulher, que sabe se vestir. As pessoas de mais idade, ativas e flexíveis podem ser muito atraentes e marcam pontos em relação aos jovens devido à experiência e sabedoria.

Estou totalmente convencida que pensar e se comportar como se a gente estivesse velha contribui para envelhecer fisicamente de maneira prematura, enquanto comportar-se de uma maneira jovem e identificar-se com a nova geração, desacelera o processo do envelhecimento. Isso é positivo.

Neotonia

Existe uma palavra “neotonia”, usada pela antropologista Ashley Montagu para descrever um processo de ficar com as características da juventude o máximo que for possível durante a vida adulta.

A maioria dos psiquiatras modernos está de acordo em afirmar que a rigidez mental adquirida ao longo dos anos prejudica a saúde física e mental.

Ficar com qualidades psíquicas características da infância é considerado pelos filósofos chineses como um elemento essencial ao crescimento espiritual.

Ficar com a mente aberta durante a viagem de vida, continuar com incapacidade de mentir, roubar, magoar os outros, essas qualidades devem ser cultivadas, mais do que negligenciadas ou perdidas.

A maneira de vestir-se é apenas um exemplo para ilustrar nossa tendência a mergulhar de cabeça na velhice. Existem outros modos mais sutis com os quais se envelhece mais rapidamente. Certos hábitos que alimentam essa síndrome podem aparecer desde a juventude, quando se quer parecer mais adulto e mais maduro que somos, para adquirir uma certa aura, ou um certo lugar na sociedade.

Da mesma forma que podemos adquirir hábitos que aceleram o envelhecimento, podemos quebrar esses hábitos e voltar para certa qualidade de juventude.

Do ponto de vista filosófico, algo em nós nunca envelhece. O espírito é imortal e indestrutível. Segundo muitas religiões, o espírito nunca envelhece. Podemos treinar para pensar “jovem”, e o tônus de nosso corpo e de nosso psiquismo vai melhorar.

Olhando de mais perto podemos chegar à conclusão que o homem possui duas ou três idades diferentes: cronológica, biológica e mental (não se fala de intelecto avançado ou retardado e sim da alegria de viver). Processo de reverter o relógio biológico começa pelo psiquismo. É preciso se identificar com a nossa verdadeira idade, que é a de nosso corpo no estado no qual ele realmente está.

Constatado este estado, vamos aprender métodos para melhorar essa situação corporal e, dia após dia, vamos reconstruir o nosso corpo. A vontade, a persistência, a certeza que no final teremos sucesso em nosso programa, tudo isso é um desafio fascinante, o melhor que podemos fazer em nossa vida. Especialmente se nós estamos convencidos que podemos realmente “girar os ponteiros no sentido contrário”.

Sentir a vitória possível é encorajador e animador.

Todos nós passamos por momentos de juventude, maturidade e velhice. Mas podemos prolongar a juventude quando começamos jovens, podemos prolongar a parte produtiva de nossa vida desde que comecemos durante nosso tempo de maturidade, e podemos realmente rejuvenescer se começamos tarde na nossa vida…

Os cientistas concordam em dizer que, tirando os obstáculos, teríamos uma vida de mais ou menos 120 anos.

No nosso mundo, envelhecemos cedo demais. Devemos nos persuadir de que isso é antinatural e corrigir essa atitude sendo “próativos”.

Ganhamos meses de esperança de vida a cada ano. Tirando os erros… Poderíamos nos aproximar das lendas da Índia, do Tibete ou da China, que contam que os sábios vivem 700 anos e às vezes mais.

Por quê? Por que o yoga, quer seja chinês, indiano ou tibetano, nos oferece muitas informações em relação aos meios de reverter o relógio biológico…

Minha experiência como professor de yoga me colocou em contato com pessoas cuja idade biológica voltava para trás. Um adepto sério e persistente pode chegar a esses resultados na medida exata da sua dedicação física e mental.

*Michael Volin: um dos melhores professores de yoga do mundo. Nascido na China, estudo o yoga e as ciências ocultas em numerosos países do Oriente, foi iniciado na Índia e se tornou Swami Karmananda. Ele escreveu livros e esse e extraído de “Defying time”(Pelham Bookks)