Temos na percepção a porta para a concentração

por Renato Miranda

Já escrevi vários textos sobre concentração (veja aqui), mas sempre que leio artigos na mídia em geral e mesmo textos científicos, fico admirado como os temas ligados à concentração são assuntos recorrentes, mesmo que em boa parte deles seja de maneira implícita.

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Isto talvez aconteça em função das exigências da vida atual para o desempenho pessoal em vários setores da vida; os desafios constantes e adaptação frequente às novas tecnologias (atualizadas de maneira veloz); exigências profissionais que provocam estresse exagerado e tantos outros motivos que provocam especialistas a darem suas mais diversas opiniões.

Decorre que quando a pessoa desenvolve de maneira eficaz sua concentração, a administração do estresse e seus efeitos, de uma forma geral, são mais bem controlados. Isso porque quanto melhor a concentração de uma pessoa, mais rápido ela aprende, aperfeiçoa e se adapta com menos desgaste físico e emocional.

Imagine um praticante de esporte. Seja um profissional ou um amador dedicado. Quantos desafios, processos de adaptação física e psicológica nos treinamentos e competições, pressões generalizadas advindas pela exigência de melhor resultado e outros ele enfrentará?

Imagine agora um profissional de qualquer área ou estudante que deseja progressos. Exceto às particularidades, há de se compreender que os fenômenos de ordem psíquica são bem próximos e com isso as exigências de concentração e consequências de estresse também parecidos.

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Pode-se então perguntar: como promover desde em idade infantil um bom nível de concentração?

Resposta objetiva e resumida: ampliando a percepção!

Ao considerarmos a percepção como registro, organização e interpretação dos estímulos recebidos através de nossos órgãos sensoriais, nós temos na percepção a porta para a concentração. Ou seja, sem percepção não há aprendizagem e tampouco concentração eficaz.

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Observe que aquilo que está por trás da percepção são nossas reflexões, memórias e associações que fazemos de todas as experiências vividas. Logo, uma criança não pode perceber vários fenômenos da sociedade, porque ainda não consegue refletir, associar, avaliar e decidir, pois ainda não percebeu o mundo o bastante, já que sua memória ainda é, decerto, frágil de experiências.

Portanto, se desde cedo oferecermos várias experiências de ótima qualidade, física, cognitiva, emocional e social, há uma enorme possibilidade de desenvolvimento de uma concentração sólida. Uma memória rica de experiências positivas repetidas dará alicerce ao aprendizado e desenvolvimento, gerando uma consciência do fazer (habilidades!) promissora, já que a mesma (a memória) é recheada de experiências e sentimentos.

Teste: como a sua memória é rica

Observe o exemplo da leitura em português por adultos alfabetizados e leitores fluentes. Esses não precisam ler o português escrito literalmente para entender um texto. Sua memória é tão rica "de português" que basta algumas dicas para se ter uma ótima percepção e em consequência uma boa concentração. Se você quiser testar isso na prática faça o teste abaixo:

Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.

35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3
F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35!
R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453
4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!