Alimentar-se de forma saudável pode virar vício

por Jocelem Salgado

“A obsessão por alimentos saudáveis é um distúbrio do comportamento alimentar

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Quando falamos em distúrbios alimentares logo vem à mente mulheres esqueléticas que passam fome ou forçam vômitos após se alimentarem.

Realmente essas são imagens típicas de transtornos alimentares.

No entanto, especialistas recentemente diagnosticaram um novo distúrbio que é conhecido como ortorexia.
O termo vem do grego (“orthós” significa correto e “orexsis” fome), foi utilizado pela primeira vez pelo médico americano Steven Bratman para designar pessoas extremamente viciadas em comida saudável.
Quem sofre do distúbrio pode percorrer longas distâncias e pagar bem mais caro para poder obter os alimentos desejados

Na anorexia o problema está na quantidade de comida ingerida, enquanto na ortorexia a questão é a preocupação com o tipo de alimento escolhido. Sim! Por mais que pareça impossível, na era da obesidade e fast-food, temos viciados em alimentação saudável!

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Como surge o distúrbio

O comportamento ortoréxico geralmente começa de modo inocente, com o desejo de curar ou prevenir doenças crônicas e melhorar o estado de saúde. O comportamento requer considerável autodisciplina e autocontrole para seguir a dieta, que difere radicalmente dos hábitos alimentares adquiridos na infância, do estilo de vida da sociedade e da cultura que o rodeia. A partir daí, a ideologia seguida faz com que, na procura por um corpo saudável, elimine-se tudo o que é “artificial”.

Oito comportamentos do ortoréxico:

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1º) A alimentação passa a ser a preocupação central do dia a dia e se torna uma doença.

2º) Ele se se baseia em informações corretas quanto à alimentação. No entanto, aplica esses conhecimentos de forma exagerada.

3º) A dieta passa a comprometer sua vida social. O individuo passa a restringir seu rol de amizades a pessoas que se alimentem como ele, gerando um isolamento social, às vezes difícil de se reparar. Por exemplo, ele se recusa a comer na casa de amigos e parentes por não saber o que será servido.

4º) “Ortochato”: O indivíduo se sente obrigado a elucidar e convencer pessoas próximas sobre os prejuízos à saúde que, sob sua perspectiva, seriam causados pelos produtos processados, pesticidas e fertilizantes artificiais.

5º) É muito cuidadoso, detalhado e bem organizado. Eles têm uma necessidade exagerada de autocuidado e proteção.

6º) Sente “grande culpa se quebrar suas regras”, e uma sensação confortável ao fazer um prato elaborado exclusivamente com produtos orgânicos, ecológicos ou com certificados de salubridade.

7º) Faz de tudo para obter os alimentos desejados, como percorrer longas distâncias e pagar valores muito superiores ao dos alimentos comuns.

8º) O portador do distúrbio também se preocupa com o método e os utensílios utilizados na preparação dos alimentos.

Pessoas mais sujeitas ao transtorno

Os poucos estudos disponíveis atualmente indicam que o grupo de risco para esse distúrbio inclui mulheres, adolescentes, pessoas adeptas de modismos alimentares e de hábitos alimentares alternativos, como vegetarianismo e dieta macrobiótica e também atletas que se dedicam a esportes como fisiculturismo e atletismo.

Consequências da ortorexia

Esse distúrbio pode trazer graves prejuízos à saúde se o ortoréxico não substituir os alimentos “ruins” por outros que lhe ofereçam o mesmo complemento nutricional. As principais consequências negativas são a anemia e a carência vitamínica.

Os alimentos considerados “ruins” incluem aqueles que possam conter corantes, aromatizantes, ingredientes geneticamente modificados, todos os tipos de gorduras, bem como alimentos que contenham muito sal ou muito açúcar.

Os distúrbios alimentares são graves problemas psiquiátricos considerados importantes problemas de saúde. No entanto, a ortorexia ainda não é reconhecida pelos manuais do DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), devido à falta de estudos clínicos sobre o assunto por tratar-se de um novo distúrbio que envolve o comportamento alimentar.