Entenda por que o ócio é tão discriminado. Mas quando usado de modo criativo, pode ser um aliado da sua saúde e qualidade de vida
Mais tempo de trabalho é sinônimo de maiores ganhos? Com este questionamento inicio o capítulo sobre “Ócio, Consciência e Saúde”, no meu livro Saúde é Consciência…
O ócio faz bem ou mal à saúde?
Domenico De Masi se dedicou ao estudo do ócio e seus efeitos na manutenção da saúde e ainda como ferramenta de estímulo ao potencial criativo. Segundo ele, o ócio pode transformar-se em violência, neurose, vício e preguiça, mas pode também elevar-se para a arte, a criatividade e a liberdade. Passamos a maior parte de nossas vidas no tempo livre e nele devemos concentrar nossas potencialidades.
A mentalidade atual é profundamente trabalhista, de modo que elogiar o ócio é reprender o modelo atual que insiste em negar o ócio ou de modo mais incisivo afirmar e propagar o neg-ócio. De fato, estresse e diminuição do tempo livre caminham lado a lado.
Trabalhar com moderação gera ganho relativo superior, assim como maior potencial de realização e felicidade vivenciada. É fundamental o tempo de saborear as conquistas. Caso contrário, elas se transformam em degraus para o abismo do nada ou apenas outra forma de vício já encontrado entre aquelas pessoas que não conseguem relaxar, pois se viciaram em trabalho.
“Não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear as coisas internamente” (Inácio de Loyola).
Por que a falta de ócio faz mal à saúde
Fonte geradora de estresse social, à semelhança do trator que arrasta a terra por onde passa, o viciado em tripalium arrasta e impõe seu comportamento, gerando perturbação nos que por ignorância se aproximaram deste ser em processo temporário de desequilíbrio interior.
Josef Pieper fala sobre um demônio de três faces que os defensores do ócio têm a enfrentar: a supervalorização da atividade em geral, a incapacidade de aceitar que simplesmente aconteça algo e a inaptidão em receber e admitir suceder algo consigo mesmo.
Para o autor, o ócio (skholé) é uma atitude de celebração e celebrar significa o contrário de esforço. Quem desconfia categoricamente da facilidade, é tanto incapaz do ócio como de celebrar uma festa. Quando esse desconfiado celebra, é alcoolizado e, portanto, antes se alienando que propriamente celebrando. Celebrar é apolíneo (Solar), sua contraparte, alcoolizar, é dionisíaca (Marciana).
4 pilares da felicidade interna bruta
O termo felicidade interna bruta (FIB), criado pelo rei do Butão em 1972 é outro exemplo perfeito disso. Em contrapartida aos modelos convencionais baseados no crescimento econômico, o conceito se sustenta no princípio do simultâneo desenvolvimento espiritual e material de uma nação, sendo seus fundamentos:
1- Promoção de um desenvolvimento socioeconômico sustentável e igualitário
2- Preservação e promoção dos valores culturais
3- Conservação do meio-ambiente natural
4- Estabelecimento de uma boa governança.
A falta de tempo, fundamento da pobreza, é o principal fator responsável pelas situações conhecidas como “doenças do mundo moderno”.
Assista ao meu vídeo sobre as importância do ócio: