Nunca namorei e beijei só uma vez: como agir?

A saída para quem nunca namorou, já sendo uma pessoa madura, é criar um novo olhar sobre si mesma (o) e sobre os outros. Veja as dicas abaixo.

E-mail enviado por uma leitora:

“Boa tarde! Tenho 37 anos, sou adotada. Sempre fui uma pessoa desajeitada, insegura, tímida e triste. Sempre tive que carregar todos os problemas, meus e dos outros, nas costas. Desde pequena, sempre fui considerada a mais feia e esquisita. Por conta disso, me retraí bastante. Só tive o meu primeiro e último beijo aos 15 anos e nunca mais beijei. Nunca ninguém se interessou por mim. Nunca levei uma cantada, sempre fui rejeitada. Já tentei me relacionar pelas redes sociais e fui enganada por golpistas. Isso me fez entrar em uma depressão. Sempre sonhei em um dia casar e ter uma família grande. Porém, irei morrer virgem, triste e sozinha; sem nunca ter tido a experiência de amar e ser amada.”

Resposta: Parece que você está realmente querendo acreditar em uma história com final infeliz. Uma história sobre você mesma que você escreveu e fica relendo, relendo, relendo até que ela se torne verdade. Bem, é importante você tentar escapar dessa armadilha sob pena de conseguir destruir totalmente sua autoestima.

Em primeiro lugar, vamos à adoção. Sim, alguém rejeitou você. É verdade. Não sabemos o motivo, mas isso não importa. É importante que você perceba que se alguém a rejeitou, existiu alguém que a escolheu para criar. Esse é o lado bonito da história que também faz parte dela. E deve ser levado em conta por você. Sim, alguém já quis você há bastante tempo.

Sobre seus defeitos: será que realmente você cabe na descrição que faz? Veja bem: “feia, desajeitada, insegura, tímida…” Será que não existe uma característica positiva em você? Certamente, se você não encontrar algo bonito em você mesma, como alguém vai encontrar? É bem provável que se você fizer um esforço encontrará alguma qualidade no meio de todos esses defeitos. Comece por aí. Vale a pena tentar.

Chama atenção o fato de você dizer que em suas tentativas de relacionamento pelas redes sociais você foi enganada por golpistas. O que pode ter acontecido? Você foi roubada em algum encontro? Acho que você não seria ingênua a esse ponto. Beijos ou sexo não houve, afinal, você diz que seu único beijo foi aos 15 anos. Então que tipo de golpe foi esse? Será que ele ocorreu mesmo? Ou você, novamente construiu uma história com final infeliz?

Nunca namorei: como agir?

Então… se você quer viver outro tipo de história, tem que olhar para você mesma e para os outros com outro olhar.

Continua após publicidade

As redes sociais são um excelente canal para você conhecer pessoas. Mas, certamente, você tem que selecionar quem serve para você e quem não serve. E, certamente, entender que está sendo avaliada e que alguns podem gostar e outros não. Se levar tombo, levante. E tente novamente, até encontrar alguém com quem valha a pena sair da virtualidade.

Certamente, para atrair a atenção de alguém você, tem que apresentar algum entusiasmo, alguma vontade, algo leve no começo. E perguntar muito sobre a pessoa com quem está falando. É nas entrelinhas das respostas que você vai poder avaliar se vale a pena prosseguir. Lembre-se que você também pode escolher. Não precisa apenas ficar torcendo para ser escolhida. Existem milhões de pessoas que procuram uma parceria amorosa nas redes sociais. É preciso ter paciência e perseverança.

Assim, a palavra de ordem é persistir. Relacionamentos amorosos são feitos de trocas, não de milagres. Se você tem algo interessante para dar, certamente terá algo interessante para receber. Mas as revelações pessoais, em geral, não aparecem nos primeiros contatos. É preciso que a máscara social caia para que o verdadeiro rosto apareça. Mas a máscara social não pode ser um retrato das frustrações passadas para não espantar os candidatos.

A máscara social, tem que revelar a esperança no futuro, a boa vontade da descoberta, o prazer da troca. A partir daí, aos poucos, as verdadeiras identidades aparecerão. Só então, você poderá fazer verdadeiras escolhas e ser escolhida.

Evite a pressa e dedique-se à sua busca. Volte às redes sociais, saia na rua, converse com pessoas. Ouse mais, e aprenda, que “não” é apenas uma palavra curta que deve ser descartada logo para dar lugar a outra palavra bem maior e mais abrangente: “esperança”.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Continua após publicidade

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.