Um modo de prevenir o envelhecimento do cérebro    

A luteolina é um polifenol flavonoide – composto natural fitoquímico –  que atua na manutenção preventiva do cérebro; entenda

De acordo com a OMS, dois bilhões de pessoas terão 60 anos ou mais até 2050. O envelhecimento é um importante fator de risco para doenças relacionadas ao cérebro que afetam a qualidade de vida dos idosos, incluindo neuroinflamação, distúrbios neurodegenerativos e desmielinização (dano na bainha de mielina que envolve os nervos). Esses transtornos relacionados à idade representam atualmente um dos mais desafiadores problemas de saúde. Além de medicamentos, a busca por agentes neuroprotetores derivados de fontes naturais tem sido intensa.

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Neurodegeneração

Nos últimos anos, temos visto um aumento da incidência de doenças neurodegenerativas, fenômeno em parte associado ao aumento do tempo de vida. Alzheimer, Parkinson, esclerose lateral amiotrófica (ELA) e esclerose múltipla estão entre as mais comuns. Elas se originam da deterioração progressiva das células neuronais em diferentes partes do cérebro e, devido à falta de capacidade regenerativa dessas células, o dano acaba levando à perda de funções motoras e cognitivas.

Mecanismos moleculares

Embora estas doenças tenham manifestações clínicas diferentes, elas compartilham mecanismos moleculares comuns, como acúmulo anormal de proteínas defeituosas, excitotoxicidade (excesso de estimulação neuronal), disfunção mitocondrial, estresse oxidativo, resistência à insulina e inflamação. Apesar de décadas de pesquisas, o tratamento medicamentoso em processos neurodegenerativos é limitado, muitas vezes oferece apenas alívio sintomático transitório e não consegue modificar o curso da doença.

Ativos naturais

Devido à etiologia (causa de uma doença) multifatorial da neurodegeneração e graças à sua atividade pleiotrópica (múltiplos efeitos), os ativos naturais têm atraído o interesse da ciência. Compostos polifenólicos são reconhecidos por possuir diferentes bioatividades, incluindo efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e antiapoptóticos (apoptose = morte celular programada). Ao contrário de medicamentos alopáticos, moléculas naturais são quase isentas de efeitos adversos, pela baixa toxicidade e alta tolerabilidade. Dentre os ativos mais pesquisados estão a curcumina, quercetina, luteolina, urolitina A, berberina, beta-cariofileno, resveratrol, o cogumelo juba de leão, ômega-3 marinho (DHA) e outros.

Luteolina

Os polifenois flavonoides são uma extensa classe de fitoquímicos encontrados em diversas frutas e hortaliças. Dentre eles há muitos estudos mostrando os benefícios da luteolina na saúde cerebral.  A luteolina é uma flavona amplamente distribuída em flores, ervas e vegetais, como brócolis, aipo, cenoura, maçã, pimenta, tomilho, menta, alecrim, camomila.

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Resistência à insulina

A luteolina possui atividades antioxidantes e anti-inflamatórias e melhora o metabolismo da glicose, potencializando a sensibilidade à insulina. Um dos mecanismos que induz a doença de Alzheimer é a deposição da proteína beta-amiloide no cérebro, formando placas amiloides neurotóxicas. O acúmulo de beta-amiloide é intensificado pela resistência cerebral à insulina – luteolina ajuda a reduzir esta resistência.

Microglia

A luteolina modula a ativação da microglia, células imunológicas do sistema nervoso central. Quando a microglia está hiperativa, pode liberar substâncias inflamatórias que prejudicam o metabolismo cerebral, e a luteolina ajuda a regular essa atividade, favorecendo um ambiente mais saudável para os neurônios.

Inflamação e oxidação

Muitas doenças causam inflamação nos tecidos e órgãos do corpo, incluindo o cérebro. Como outros flavonoides, a luteolina exibe uma variedade de propriedades pleiotrópicas (múltiplas ações nos genes), tornando difícil atribuir todos os seus efeitos farmacológicos a um único processo metabólico. Um fato notável é que a luteolina tem propriedade anti-inflamatória em mínimas concentrações, agindo na neutralização de mediadores pró-inflamatórios. No entanto, o efeito mais importante da luteolina é o seu potente poder antioxidante, que ajuda a preservar a função mitocondrial e atua na neuroproteção. A dose usual é de 200 mg.

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Referências

*Neurochemistry Research 2024. Flavonoids as Potential Therapeutics Against Neurodegenerative Disorders: Unlocking Prospects.

*Pharmacology Reports 2024. Luteolin for neurodegenerative diseases: a review.

*Biochemical & Molecular Toxicology 2024. Luteolin: Nature’s promising warrior against Alzheimer’s & Parkinson’s disease.

*Combinatorial Chemistry & High Throughput Screening 2024. Therapeutic Expedition of Luteolin against Brain-related Disorders: An Updated Review.

Médica especializada em Nutrologia. Membro da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia. Pós-graduada em Terapia Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia. Membro Titular da Sociedade Médica Brasileira de Intradermoterapia. Consultora com atuação em Nutrologia e Medicina Ortomolecular. CRM 52 301716 www.tamaramazaracki.med.br