por Jocelem Salgado
O mercado municipal de São Paulo é uma verdadeira profusão de aromas e sabores. Por seus corredores encontramos diversas especiarias, castanhas e frutas secas, peixes e frutos do mar, açougue, embutidos e conservas dos mais variados tipos, e é claro muitas e muitas barraquinhas com frutas. Fica até difícil decidir o que olhar, cheirar ou provar primeiro.
Apesar de cada barraca ter sua peculiaridade as que chamam mais atenção, são as gôndolas com frutas, seja pela beleza, diversidade ou pela insistente oportunidade dada pelos comerciantes de saborear cada fruta ali presente.
Todos sabem que o diferencial do Mercado Municipal de São Paulo é reunir em um único local uma gama de produtos, afinal é um polo de distribuição nacional.
Por isso se você busca uma fruta exótica ou regional é bem provável encontrar lá.
Contudo você já notou que no supermercado a cada ano que passa há uma maior variedade de frutas? Comer lichia, mangostin, açaí, goji, romã, avocado, jaca e graviola, pitaia não é mais privilegio de poucos.
Mercado Municipal de São Paulo
Como bem sabemos, as frutas são ricas em compostos benéficos à saúde, já também conversamos que uma dieta equilibrada e saudável deve ser composta por 3 a 5 porções de frutas diárias, o mais diversificado possível. Então porque não introduzir novos sabores a essa dieta? Como incentivo, iremos neste artigo discutir e abordar os benefícios adquiridos ao consumir algumas das frutas que fogem do convencional, como a lichia, o mangostin ou mangostão e o buriti.
Lichia
A lichia é um fruto originário do sudoeste asiático de clima tropical e subtropical, seu cultivo tem crescido gradualmente por todo mundo, inclusive em nosso país. O fruto é dotado de uma estonteante casca vermelha que contrasta com sua apetitosa polpa branca. Além de suculento, cerca de 80% do fruto é composto por água, contém baixo teor de gorduras e é rico em vitamina C e compostos fenólicos especialmente, flavonoides.
Flavonoides são reconhecidos antioxidantes e estão associados a diversas propriedades fisiológicas dentre elas atividade anticarcinogênica (reduz incidência de tumores) e anti-inflamatória. Tanto estudos in vitro como in vivo foram conduzidos com objetivo de explorar os efeitos benéficos do consumo de lichia. Os indícios, apontados por grande parte desses trabalhos, demonstram que a suplementação com esse fruto pode amenizar as complicações derivadas de diabetes e obesidade.
Ratos alimentados com extrato de lichia apresentaram um melhora significativa no status metabólico, caracterizado por redução do peso corpóreo, decréscimo dos níveis sanguíneos de glicose, colesterol e triglicérides. Foi também notado redução da resistência à insulina, um dos fatores desencadeadores da diabete. Os efeitos benéficos da lichia foram atribuídos ao potencial anti-inflamatório dessa fruta.
Outra boa noticia é que ao modular o sistema imune em prol do status anti-inflamatório a lichia reduz os níveis tóxicos proporcionados pelo acúmulo de substâncias na córnea. Isso sugere que esse fruto asiático pode ser utilizado na prevenção de retinopatia (lesões provocadas na retina) e cegueira proporcionada por um quadro de diabetes de longa existência não medicada.
Mangostin
Mangostin ou mangostão é o fruto da Garcinia Mangostana, planta que cresce nas florestas tropicais da Índia, Malásia, Filipinas, Siri Lanka, Mianmar e Tailândia. O fruto é famoso pelo seu sabor marcante e é considerado o rei das frutas tropicais.
Durante séculos a casca e a polpa desse fruto vêm sendo utilizada no tratamento de diversas condições patológicas, principalmente no sudeste asiático. Nas ultimas décadas foi verificado que o mangostin contém altos teores dos polifenóis denominados xantonas, dentre 200 já identificadas mais de 60 foram encontradas distribuídas por todo o vegetal, fruto, raiz, caule e folhas.
Quanto a suas propriedades medicinais, já foram reportadas ação antioxidante, antifúngica, antibacteriana, anti-HIV, bem como propriedade anti-inflamatória, anticancerígena e antialérgica.
Mediante ao seu potencial anti-inflamatório algumas pesquisas investigaram a possível relação entre o consumo de mangostão e a redução das complicações ocasionadas pela diabete e obesidade. Foram encontrados alguns indícios favoráveis a essa aplicabilidade, no entanto os estudos ainda são incipientes.
Dentre as propriedades desse fruto destaca-se o alto potencial anticâncer. Diversos estudos in vitro têm demonstrado que as propriedades presentes nesse fruto são capazes de atuar sobre diversos tipos de células cancerígenas.
Pesquisadores de vários paises têm verificado que esse fruto é capaz de inibir a multiplicação do vírus da AIDS e, portanto, pode vir a ser também mais um aliado no combate dessa terrível patologia.
Buriti
E por fim vamos falar de um fruto nacional, o buriti também conhecido como caraná ou miritirana. Proveniente de uma das palmeiras mais abundantes no Brasil o buriti pode ser naturalmente encontrado na floresta Amazônica, Pantanal, cerrado e especialmente no Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
Apesar da ampla ocorrência a caraná é pouco empregada na culinária nacional. Recentemente esse panorama vem se modificando e produtos como sucos, sorvetes, doces, óleo e mesmo a polpa, vem ganhando espaço no mercado nacional.
Dentre os compostos presentes nesse fruto destacam-se os teores de carotenoides, especialmente o caroteno precursor da vitamina A, o tocoferol (vitamina E) e ácidos graxos. Medicinalmente o buriti tem se demonstrado valioso, principalmente contra a incidência de patologias oculares.
O óleo extraído do buriti é popularmente utilizado no tratamento de queimaduras. O potencial cicatrizante do óleo dessa fruta foi investigado em ratos por um grupo pesquisadores do Rio Grande do Norte. Segundo a pesquisa, o óleo de buriti promoveu aumento no percentual de células e fibras responsáveis pela formação de novo tecido. Além disso, quando testado in vitro proporcionou atividade antibacteriana de amplo espectro.
Mundo afora ainda existe uma infinidade de frutos a serem explorados seja comercialmente ou medicinalmente. Isso significa que eu e você ainda temos uma infinidade de sabores, aromas e benefícios à saúde para conhecer e saborear. Que tal provar um sabor exótico hoje? A ciência tem comprovado que só temos a ganhar!