por Karina Simões
A vida é um perde e ganha para todos, e para as mulheres parece ser mais intenso do que para todo o mais. Até porque o ser mulher merece até mesmo uma coluna à parte em sites de comportamento numa tentativa de compreender cada vez mais o feminino.
Há uma direta correlação entre o tempo, os ganhos e as perdas. Cada mulher que chega a uma idade que se classifica como idosa, traz os relatos de conquistas e a marca da saudade de tantas cicatrizes e situações experienciadas e que no tempo ficou guardada.
Perdas de pessoas, de conceitos, de beleza física, de capacidades laborativas entre tantas outras se somam num repertório que deixam marcas em cada mulher de forma única. Tais perdas podem condicionar o estado de felicidade dessas pessoas fragilizando-as psicologicamente. Mas afinal, como viver a superação diante das sucessivas perdas que a mulher enfrenta?
Já se disse que a velhice saudável tem a ver com a forma como cada mulher sabe contar a sua história. Cada uma se vê de uma forma. Ou seja, a representação da velhice vai depender do universo pessoal, cultural e pessoal de cada mulher. O envelhecer parece estar muito mais no olhar do outro.
No processo terapêutico busca-se significados para os eventos marcantes, estruturando as verdades traumáticas para além daquilo que causa dor. Nesse sentido, a perda de alguém amado para a mulher, por exemplo, é contextualizada muito além da morte, mas de toda a história vivida a dois. Assim como, a perda da vitalidade e do padrão de beleza estipulado no mercado da vida, que vai muito além da aparência física, mas sim, do que representou esse ideal um dia para cada uma dessas mulheres.
Reconhecer as transformações, sejam físicas ou psicológicas, as limitações e as novas possibilidades, é o primeiro passo para uma boa aceitação de uma velhice saudável! Pois, podemos superar mitos e estereótipos rotulados pela sociedade, quando se tem uma compreensão verdadeira de si e do outro isenta ao máximo de julgamentos.
Finalizando com o grande pai da psicanálise, Freud, que nos disse que a não aceitação da transitoriedade do que é belo, pode levar ao desespero, a um luto sem fim, enquanto que a aceitação pode levar à valorização da vida.