por Arlete Gavranic
O Dia Internacional da Mulher é uma data muito importante e transcende às homenagens de sempre. Este 08 de março abre espaço para se refletir sobre as vivências da mulher atual em nossa sociedade.
Pensar que mulheres bem-sucedidas, decididas e independentes financeiramente estão sempre felizes e satisfeitas ou que elas têm menos problemas afetivos e sexuais é um grande engano.
Essas mulheres foram à luta, encararam o mundo, que durante muito tempo foi de domínio masculino.
As mulheres hoje estudam mais. Nas escolas, nas faculdades e nos cursos de pós-graduação são maioria. Isso traz para elas um poder competitivo maior. Esse sabor de 'eu também posso’ é algo novo. Elas se deliciam em poder estudar, desfrutar do corpo, da sua sexualidade, viajar e consumir.
Esse poder traz para elas sensações diferentes, de um lado o prazer da conquista e da autoestima valorizada. Por outro, o receio de perder ou de não dar conta de continuar crescendo. E aí aparece o conflito mais frequente, viver ou não viver a maternidade?
O medo de perder oportunidades, de perder o ritmo no embalo do crescimento, de perder o tempo no relógio biológico, de perder seu parceiro que manifesta o desejo de ser pai, tudo isso se junta num conflito só. Isso porque o modelo de maternidade vivenciado por muitas mulheres ainda é de maternagem solitária (cuidar, amamentar, passar noites em claro…), no sentido que a criança depende muito dela nos primeiros cinco anos de vida.
Outro conflito é a dificuldade em encontrar um parceiro amoroso que conviva bem com essa mulher poderosa, que faz suas próprias escolhas e as custeia sem pedir ou depender do outro.
Essa mulher também está mais exigente com relação aos homens, ela busca parceiros que não se acomodem na vida, que queiram crescer também; busca companheiros que tenham afinidades, que curtam sair, ir a shows, teatros ou que adorem um filme a dois.
Mito do amor romântico
Ela espera um companheiro galante, gentil, sedutor e romântico. Trata-se do mito do amor romântico, ele alimenta ainda hoje o imaginário e o desejo feminino. Mas como o nível de exigência da mulher cresceu, só um ‘amor e uma cabana’ não a gratifica.
Tem sido freqüente o grande número de mulheres bem-sucedidas que opta por viver sozinha ou por manter relacionamentos à distância (cada um na sua casa) para evitar frustrações no dia a dia.
Essa mulher é feliz? Essa é uma discussão muito filosófica. Ela pode garantir entusiasmo e garra com a vida e todas as suas conquistas, isso não pode significar não depender de nada ou de alguém para sentir-se feliz. Momentos felizes e prazerosos podem ser desfrutados com diferentes pessoas e em diferentes situações (pessoais, profissionais, sexuais) sem ter que significar uma vida solitária ou a negação da maternidade para aquelas que a desejarem. Mas essa tem sido a grande dificuldade dessa nova mulher guerreira, viver o prazer de suas conquistas em todas as áreas de sua vida.
Homem inseguro
Por outro lado, muitos homens ficam inseguros com essa mulher, uns perdem a ereção por temer o seu poder, outros guardam rancor por não se sentirem valorizados tanto quanto ou mais que ela em relação à vida profissional.
Para evitar esses medos, conflitos e mágoas, é preciso mais união; aprender a sonharem juntos respeitando o espaço profissional de cada e crescer com satisfação. Só assim esse casal vai conseguir fazer concessões, negociar o cuidado da casa, dos filhos, estimular o crescimento do outro, sem competir ou achar que o outro é egoísta.
Essa é uma longa caminhada entre homem e mulher. Uma busca sem desvalorizar ou desconsiderar o projeto individual.
Só assim ambos não se sentirão ameaçados para desfrutar e construir juntos uma vida a dois.