Por Dulce Magalhães
É extraordinário o que o exercício de nossa consciência pode fazer pelo bem de nossa vida. Não podemos ver, sentir, cheirar, tocar, perceber ou pensar sobre qualquer coisa, sem que a consciência seja envolvida. Há um nível em que percebemos as coisas, e um outro nível em que reagimos a elas. Percepção e reação, portanto, não estão vinculadas, apenas relacionadas. Podemos perceber algo ruim e reagir bem.
A mágoa, por exemplo, que é a reação a uma agressão percebida, é fruto de uma resistência que habita dentro de nossa consciência. Ou seja, nos magoamos não com o que o outro diz ou faz, mas com o que sentimos do que é dito e feito. É necessária uma resistência para que se concretize uma agressão. Perdoar, a si mesmo e ao outro, é uma função da consciência que permite a liberdade, fruto de uma escolha.
Considerando que está na consciência humana a chave para a criação das experiências, porque experiência não é o que acontece, mas o que pensamos sobre o que acontece, não há no mundo uma fórmula única que sirva para duas pessoas. Cada um de nós vai ter que trilhar o próprio caminho e encontrar seu próprio jeito de levar melhor a vida.
Ou seja, não há as oito regras, as quinze maneiras, os dez princípios, receitas, fórmulas ou métodos que possam mapear uma existência feliz. Cada um vai ter que desenhar o próprio mapa, a medida é a do indivíduo. Não devemos estar em busca de métodos, mas em busca de nós mesmos. Reside dentro de nós a condição plena e o dom absoluto para ser e viver o que mais desejamos, porque fomos capacitados e beneficiados com a oportunidade da escolha. Há sempre, mesmo que seja dura e complexa, a condição de desistir, rever, parar, recomeçar, desaprender, reaprender, refazer…
Não podemos controlar o que acontece ao nosso redor, mas somos os únicos capazes de escolher com que emoções vamos reagir ao que acontece. Nossas emoções estão sob nosso absoluto controle e são elas a argila básica onde fomentamos nossas atitudes e atos. A vida é fruto da consciência. Não deixe que os melhores dias de sua vida aconteçam sem você. A consciência do momento, do exato instante em que nos encontramos agora, essa passagem brevíssima de existência que descansa na eternidade do tempo, é o ápice da vida. Não é a quantidade de tempo que acumulamos, mas a consciência do momento que nos faz vivos.
A questão essencial é que não podemos esperar que o mundo faça silêncio para que possamos meditar. Não podemos desejar que tudo se estabilize, que a violência cesse, que a harmonia se instale, para agirmos com a melhor resposta. Teremos que ser o melhor de nós mesmos em meio ao desequilíbrio, ao medo e à dor. Contudo, não são as condições que nos determinam, mas nossas escolhas. E assim, viver melhor é uma decisão que nos cabe tomar na vida. Reflita sobre isso.