por Sandra Vasques
Depoimento dramático de um leitor:
"Oi Sandra! Já escutei tanta balela de psicólogos que se dizem especialistas em sexualidade sobre "tamanho não é documento". Condicionaram as mulheres feito zumbis, cheias de compaixão, a dizerem que não ligam pro tamanho, mas ligam sim!
Sugiro uma pesquisa diferente, uma que convivo a minha vida inteira… essa vida perdida e sem sentido.
Pegue um homem com pênis pequeno, os 10 cm que você diz que são satisfatórios e faça-o tirar as calças diante de 100 mulheres diferentes. Veja quantas riem, arregalam os olhos, mudam a expressão facial, murcham e outras reações. Depois monitore os relacionamentos de 100 homens que tenham uns 10 cm de pênis. Quantos são duradouros, quantos são traídos pelas parceiras que procuraram pênis maior?
Se basear-se apenas em mentiras ditas em pesquisas, é um crime que comete com esses homens.
Realize esse estudo que transformará a sua opinião e a de todos esses "especialistas" achistas, que vomitam teorias, mas jamais conseguem se colocar no lugar de homens que sofrem com isso toda vez que têm de ficar nu diante de mulheres.
A propósito, eu vivo esse "estudo" dia a dia e as únicas que são sinceras quanto ao tamanho, são as prostitutas. Algumas delas. Algumas, nota-se pela expressão facial, que seguraram risadas ou se espantaram, e depois têm a cara de pau de dizerem: "Nossa, que p… enorme". Essa é a hora de pagá-la pra não fazer escândalo, vestir as calças e ir embora.
Uma mulher normal, não prostituta, já está fora de cogitação, depois de passar a adolescência e a juventude sob apelidos, risadas e sentimento de compaixão em relação ao meu problema.
Sim, dona Sandra, minha vida e a de muitos homens é maldita. E essa mentira que não condiz com a realidade, estimulada a ser repetida mil vezes, para consolar homens com esse problema, só piora a situação.
Não entendo por que há técnicas de mudança de sexo até mesmo para lésbicas virarem homens e vice-versa, para aumentar peitos, para devolver hímen; tudo pelo prazer e satisfação pessoal da mulher… mas algo tão simples para a saúde mental e sexual do homem não exista.
Ou agora a senhora vai querer me contar a mentira de que o pênis é um órgão mais complexo que uma vagina?"
Resposta: Entendo que homens que têm pênis abaixo da média, que para os brasileiros é de 12,9 cm a 14,1 cm – possam se sentir inseguros e muitas vezes revoltados.
Isso porque tudo que foge à média chama a atenção e, ou é muito desejado em função da admiração que desperta; ou é muito rejeitado e desvalorizado, pelo medo, insegurança e desconfiança que provocam. Esse é o caso do pênis considerado pequeno.
Pênís com tamanho abaixo da média pode dar prazer à mulher
E não é verdade que o pênis de tamanho abaixo da média não possa dar prazer a uma mulher. Não é verdade.
A vagina é um órgão que tem cerca de 9 cm em repouso, que fica com suas paredes encostadas umas nas outras e portanto apenas com um espaço virtual a ser preenchido. Ela também se alonga quando a mulher fica excitada, ao mesmo tempo que seu terço mais externo, em função de receber um fluxo maior de sangue, se torna mais inchadinho, possibilitando que quando o pênis penetre, encontre uma entrada macia, acolhedora e excitante; ao mesmo tempo que a mulher pode sentir prazerosamente essa penetração. E é importante que se diga que essa é a única área da vagina que possibilita essa sensibilidade, já que os dois terços mais internos não têm o mesmo tipo de inervação.
Assim, tanto um pênis maior, quanto um menor, – e que estejam dentro da normalidade citada acima – podem oferecer prazer à mulher. Os dois podem se acomodar perfeitamente: o maior encontra espaço para a penetração sem provocar machucados, e o menor tem toda a condição de preencher o espaço da vagina e por meio das carícias provocadas pelo vai e vem do pênis em suas paredes internas, levar a mulher ao orgasmo.
Por que o preconceito com o pênis pequeno?
Então, por que existe o preconceito?
Porque a sociedade, que até bem pouco tempo era muito mais machista que agora, colocou o pênis como o centro da demonstração de virilidade, potência e fez, inclusive as mulheres, acreditarem que quanto maior, melhor, e que só ele importava para dar prazer. E, é claro que a propaganda bem feita e insistentemente divulgada transforma as maiores mentiras em verdade.
Temos muitos exemplos no dia a dia que comprovam isso. Portanto, se uma mulher encontra um homem com um pênis menor que a média, pode ficar insegura e desconfiada sobre a competência e capacidade dele de dar prazer a ela. No entanto, se ela se dispuser a experimentar a penetração com disposição para o prazer, pode sair satisfeita da experiência. Mas, atenção, se o homem acreditar que apenas com a penetração vai satisfazer uma mulher, está completamente enganado. E pode ser P, M ou G. Penetração apenas não faz sucesso.
Mulheres que se dispões a viver sua sexualidade e buscam o prazer, a satisfação, não conseguem isso se não tiverem um parceiro que preste atenção às suas necessidades. Mulheres, guardadas as diferenças que existem, gostam de ser seduzidas, conquistadas, sentirem-se desejadas, viver suas fantasias; gostam que seus parceiros dediquem um tempo a acariciá-las do jeito que as despertem e as tornem aquecidas e lubrificadas, para depois partir para a penetração. Ou não? Porque muitas vezes o orgasmo é conseguido apenas com o estímulo do clitóris ou com outros estímulos. A penetração, nesses casos, fica como um complemento ou uma concessão para que o homem possa desfrutar desse momento. Momento que as mulheres também gostam de assistir, que é o de ver o seu homem sentir prazer.
Então, como os sexólogos sabem o que a sabedoria popular já conta há muito tempo, quando diz que o que importa não é o tamanho da varinha, mas sim o tamanho da mágica, por isso dizem e repetem que o tamanho do pênis – desde que esteja dentro da normalidade – pode dar prazer para a mulher, além de cumprir com sua função de reprodução. Agora é claro que a sociedade caminha a passos curtos, mas caminha, em direção a superação de uma série de preconceitos em relação à sexualidade.
Quem vive uma situação como essa, que foge à média, vai ter sim de enfrentar o preconceito, e se dedicar para encontrar pessoas que enxerguem além do senso comum e se disponham a experimentar o que parece não ser, ao primeiro olhar, algo interessante ou desejável. E as pessoas que conseguem ir à luta e ajudam a vencer os preconceitos, são aquelas que têm a convicção de que têm valor e que merecem a atenção e respeito devido. Não é com agressão que se conseguem as mudanças, e sim com informação, persistência, credibilidade, convicção e uma boa dose de bom humor. Aliás, mulheres adoram homens que tenham bom humor.
E só para que você não se sinta só nessa história, dou aqui alguns exemplos de pessoas que têm algum tipo físico ou condição imutável que os obriga a lutar contra preconceitos e estereótipos para encontrar seus pares. Pessoas que não têm medo de serem felizes, que, apesar dos olhares, procuram, até encontrar, quem as reconheça e as deseje: homens muito baixos que formam um casal com mulheres bem mais altas que eles; ou o contrário mulheres muito altas que encontram homens que não se importam de ficar um ou mais palmos abaixo delas; mulheres mais velhas que encontram homens mais novos que querem viver uma relação amorosa, e por aí vai.
Agora, não dá para ficar com dó de si e definir que a vida não vale a pena. Esse tipo de postura só piora a situação e, muito antes do pênis pequeno, se torna a causa do distanciamento das pessoas.
Assim, se não consegue superar essa questão sozinho, procure ajuda de um terapeuta e tenha o apoio necessário para seguir em busca de seu par.