por Patrícia Gebrim
Muitos pensam no amor como um sentimento, mas a partir da minha perspectiva, amor não é um sentimento. O amor é um lugar. Um lugar sagrado e incrivelmente belo, que existe dentro de cada um de nós.
Quando chegamos a esse lugar, uma porta se abre em nosso peito, e através dela nos conectamos com tudo o que existe, absolutamente tudo, sem restrições. Amamos o belo e o feio igualmente, pois amor é a ausência de separação. Ausência de distância entre nós e os outros, entre nós e a natureza, entre nós e o todo que nos cerca.
Amor é essa consciência luminosa de que somos um. É se sentir tão em unidade que nada falta. É a paz que vem dessa sensação. É um desejo enorme de compartilhar isso com toda e qualquer pequena fagulha de vida.
Existem muitos caminhos para se chegar a esse lugar. Ao lugar do amor. Mas ouça, precisamos entender que “o caminho não é o lugar”. Alguns chegam ao amor através de relacionamentos amorosos ou vínculos familiares. Outros através de jornadas devocionais, espirituais. Ou através da arte. Da música. Meditação. Yoga. Não importa, desde que você chegue lá.
Tocamos o amor quando fechamos os olhos e mergulhamos nesse silêncio luminoso que existe dentro de nós. Quando calamos os pensamentos e nos permitimos fundir com o que quer que exista ao nosso redor e dentro de nós.
Quando chegamos ao lugar do amor dentro de nós, encontramos um espaço de inclusão. Tudo cabe. Sentimos essa plena confiança de que existe um sentido maior por trás de cada minúsculo momento. Não porque alguém assim nos tenha dito. Mas porque quando fechamos os olhos e nos permitimos dissolver dentro de nós, é como se deixássemos de existir. E quando deixamos de existir como seres separados, nos tornamos tudo.
Somos o mar, as montanhas, o prédio cinza e feio do outro lado da rua, somos o santo, o pecador, o bandido, o amigo, o inimigo.
Somos a flor.
Somos tudo.
Isso é amor.
Fechei os olhos. No começo tudo ficou escuro, mas logo percebi que se pode enxergar para dentro, e que o que vemos de olhos fechados tem sempre muito mais luz.
Fechei os olhos e descobri beleza no que achava feio, profundidade no que parecia raso e delicadeza no que parecia rude.
Fechei os olhos, olhei para mim mesma, e vi árvores, peixes, pássaros, planetas, ursos, montanhas, nuvens, flores e estrelas.
Fechei os olhos e vi você. E agora já não sei se sou eu te olhando ou se sou você olhando para mim.
Fechei os olhos e soube:
– Não importa.
Extraído do livro de Patrícia Gebrim “Deixe a Selva para os leões – Inspirações para bem viver nos dias de hoje”