por Alex Botsaris
Há um aumento do interesse e do consumo de produtos orgânicos. Cada vez mais eles são falados, em geral, sem muito conhecimento de suas reais vantagens para a saúde. Por isso vale fazer uma revisão do que existe de conhecimento científico sobre o tema.
O que é um produto orgânico?
Produto orgânico é todo produto agropecuário em cujo sistema de produção não foram utilizadas ‘técnicas alienígenas’ de aumento de produção, caracterizadas por drogas, hormônios, adubos, pesticidas ou ainda técnicas de aclimatação e confinamento artificiais como estufas. O sistema orgânico utiliza exclusivamente recursos originários do próprio meio ambiente; manejo do ecossistema; técnicas de interação entre as espécies para auxiliar no cultivo; criação e controle de pragas e doenças.
A principal vantagem para a saúde dos produtos orgânicos é: evitar a contaminação por substâncias utilizadas para aumentar a produtividade na indústria agropecuária. Muitas dessas substâncias têm sido apontadas como causadores de câncer e outros problemas de saúde. Um estudo feito pela escola de saúde pública da Universidade de Washington, mostrou que crianças que se alimentaram com comidas orgânicas, não apresentaram resíduos de pesticidas organofosforados na urina, enquanto nas que ingeriram alimentos convencionais esses resíduos foram identificados. Mesmo em quantidades muito pequenas, essas substâncias podem ser tóxicas e interferir no desenvolvimento normal das crianças.
Outro estudo, esse feito na Universidade Emory, de Atlanta (Geórgia), identificou que crianças que costumam ter alimentação convencional estão contaminadas com pesticidas piretroides, enquanto aquelas que vivem em famílias que adotaram comidas orgânicas estão livres de contaminação. Existem ainda evidências que hormônios esteróides usados para auxiliar a engorda de frangos, possam estar associados ao aumento de câncer ginecológico que vem ocorrendo nos últimos 10 anos.
Há indicativos que produtos orgânicos podem ser mais ricos em nutrientes e minerais. Apesar de alguns estudos mostrarem que a composição nutricional em proteínas, gorduras, carboidratos e algumas vitaminas é semelhante em vegetais orgânicos e convencionais, outras evidências apontam o contrário. Por exemplo, alimentos orgânicos levam mais tempo para se desenvolver, o que aumenta a sua concentração de micronutrientes como selênio, zinco, ferro e magnésio, que são essenciais à saúde.
Plantas cultivadas no sistema orgânico ficam em competição acirrada com outras espécies. Por isso, essas plantas colocam suas vias de síntese para produzir substâncias de defesa; e nesse processo aumentam também a produção de antioxidantes e outros nutrientes essenciais. Por isso, um estudo da Universidade de Oslo mostrou que adultos que ingerem habitualmente alimentos orgânicos, possuem mais capacidade antioxidante no sangue que aqueles cuja alimentação é comum. No caso de alimentos orgânicos de origem animal, as pesquisas revelaram que eles possuem mais vitaminas (vitaminas B12, D e E) e outros nutrientes essenciais de origem animal (como a carnitina e o ácido lipóico), comparados aos alimentos de animais criados no regime industrial.
A principal desvantagem é que no alimento orgânico seu custo de produção é bem maior, por isso ele pesa mais no bolso que o convencional. Pesquisas também revelaram que alimentos orgânicos costumam ter mais contaminação por microorganismos que os convencionais e, alguns episódios de verminoses ou diarréia descritos, foram atribuídos a esses alimentos. Entretanto esse problema pode ser facilmente resolvido com lavagem e higiene adequadas.
Várias pessoas preferem alimentos orgânicos porque sua produção é mais correta do ponto de vista ambiental, e não causa danos ao meio ambiente. Considerando os alimentos de origem animal, muitos consumidores de produtos orgânicos justificam sua opção em função de motivos bioéticos. Afinal, as fazendas de produção industrial criam animais em condições tão cruéis, que as pessoas ficam sensibilizadas. Até os autores que publicaram artigos desqualificando os potenciais nutricionais dos orgânicos, admitem que há esses diferenciais.
Atenção! Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento