Por Ângelo Medina
Esta frase de Aristóteles me remete ao ato de amar a si mesmo.
Mas de onde tirei essa associação?
Esse insight me veio enquanto dedilhava meu contrabaixo.
A música é minha atividade principal nas horas de lazer. Embora tocar baixo seja um ato diletante, levo essa prática muito a sério. Minha principal meta é manter um fluxo criativo contínuo enquanto toco. Isso é intuitivo – não há interferência da mente – e tecnicamente baseado na teoria do flow-feeling criada pelo psicólogo húngaro Mihalyi Csikszentmihalyi.
Mas o que significa o flow, o fluir?
O flow (fluxo ou fluidez) é um ESTADO mental no qual você e a tarefa se integram de tal forma que se tornam unos e se fundem. Você fica totalmente absorto, perde a noção do tempo, sente tanto prazer em realizar a atividade, que a tarefa torna-se autotélica – sua finalidade está em si mesma.
Mas eu sentia que não fluía de forma plena e integral, sem atingir o nível de excelência apregoado por esta teoria. Parecia que faltava ainda um nó a ser desatado… E após anos de infinitas tentativas, quase frustradas, me veio a resposta ontem.
Eu precisava amar o meu Ser! Em consequência gostar, apreciar, admirar (isso não é vaidade) cada nota tocada! Ao nutrir-me positivamente de cada nota, através desse ato de amor, fluí de forma absorta e “toquei” na emoção: a excelência no ato de tocar.
Esse ato de amar ao tocar, é uma antítese a um suposto autoflagelo mental – ilusório, pois não tem razão de ser! – de não acreditar plenamente em si, de não se aceitar e, sobretudo, de não se permitir ser feliz! Mas essa história de se permitir ser feliz sempre tem dois lados. Tem gente que acha que se permitir ser feliz é se embriagar, consumir drogas, comer demais…
Reflexão
Isso tudo me fez pensar “já que você toca o que você é”, em quais outras ações do meu dia a dia eu não estaria reproduzindo essa mesma atitude ilusória de autoflagelo mental?
Por isso, hoje ao acordar pensei… vou colocar amor, determinação, vontade e alegria em todos os meus atos, – até num simples gole da café! – para cristalizar em mim esse hábito sugerido por Aristóteles: “somos aquilo que fazemos repetidamente”; e experienciar, como resultado, a excelência!