Amor: você é otimista em seu relacionamento?

Por Luiz Alberto Py

É sempre bom lembrar que nossa alma se alimenta da esperança de que as coisas podem mudar para melhor. Para sermos otimistas não é necessário inventar nada, basta lembrar de tudo de ruim que já nos aconteceu e de como as situações terríveis porque passamos foram resolvidas, superadas, ou simplesmente acabaram.

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Depois da tempestade sempre vem o bom tempo; se apostar nisto, você ganhará sempre. Já foi dito, com ironia, por alguém: "99% dos problemas que tive na vida não aconteceram".

Muitas mulheres se queixam de que os homens só querem sexo e homens se queixam de que as mulheres só querem casar. Ambos têm razão, mas não é aí que se encontra o problema do desencontro entre homens e mulheres. As pessoas se queixam porque têm dificuldade para superar as diferenças que existem entre os sexos. Na verdade a aproximação entre homens e mulheres contém uma séria dificuldade: por serem muito diferentes um do outro, eles se temem e têm ímpetos de fugirem da convivência recíproca; por isto buscam pretextos e desculpas para se manterem distantes. Isto é muito frequente nos jovens que ainda não aprenderam que é possível e até bastante estimulante administrar essas diferenças.

Por outro lado, posso estar dando a impressão de que as diferenças entre os sexos opostos não são tão grandes assim, mas o fato é que a própria expressão “sexos opostos” dá uma indicação clara das desigualdades que existem entre os homens e as mulheres. As reações instintivas são diferentes de um sexo para o outro e devido a isto a forma de sentir e de pensar também apresenta marcantes diferenças entre uns e outros. Basta você observar o comportamento e as reações de amigos e amigas e verá como de fato existe uma enorme diferença entre os sexos.

A sua parte

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O importante é procurar a sua responsabilidade na construção de um relacionamento, em vez de ficar apontando os defeitos do parceiro em uma tola tentativa de fugir da tarefa de assumir a parte que lhe cabe. Se você se responsabilizar pelas dificuldades que tem em chegar a um acordo com um possível parceiro, estas certamente acabarão sendo superadas. Os casais que vemos por aí, muitos deles satisfeitos com seus casamentos, nos provam que é possível para um homem e uma mulher estabelecerem uma relação feliz e estável.

É preciso que haja qualidades e capacidades dos namorados que permitam levar a relação para diante. Viver a dois é difícil e requer esforço e competência para que a união seja bem sucedida. Quem deseja casar, precisa avaliar se o namorado, ou a namorada, será um bom marido, ou uma boa esposa, caso contrário, a pessoa estará se condenando a mais um casamento sofrido e infeliz.

Definir o amor

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Muitos jovens têm dificuldade para determinar o que é amor e se perguntam se o que sentem é de fato amor. Ninguém tem dúvida sobre a paixão, quem sente ou já sentiu sabe perfeitamente do que se trata. Amor é paixão aprovada e administrada pela razão. Quando você aprende a avaliar seus sentimentos, e a adequação deles, e preza a pessoa por quem sente paixão saberá que pode permitir que a paixão cresça, deixando que o amor floresça. O amor dos jovens deve ser um amor de troca entre o casal, um amor que se constrói junto, ambos investindo e participando, nunca uma tarefa de um sozinho. Se não houver empenho do parceiro, o bom senso aconselha cair fora. É assim que se harmoniza a razão com a emoção.

Tudo isto dever ser tratado com disciplina, que é a maior e melhor manifestação da autoestima. Se você se gosta, vai usar a disciplina para trabalhar por seu bem-estar, por sua saúde e por sua felicidade. Uma paixão equivocada é como um vício. É preciso abandoná-la da mesma forma como se cura um vício: com esforço e disciplina estimulados pela autoestima. Significa querer fazer o bem a si mesmo ainda que custe todo o sacrifício que for necessário.

Sobressaltos

Se você está separado de seu antigo amor há muito tempo e ainda fica sobressaltado quando descobre que ele está em companhia de outro, pode estar certo de que existe muita gente padecendo desse mal. Trata-se de um fenômeno bastante comum, que costuma atingir mais as mulheres, embora muitos homens também sofram da mesma dificuldade. A maioria das mulheres afetadas por esse sofrimento não consegue compreender o que se passa com elas e preferiria nada sentir e poder não dar nenhuma importância à vida de seu ex. Mas o fato é que ela está dominada por suas emoções.

Para superar essa situação, o primeiro passo a ser dado, sempre que se termina uma relação, é viver plenamente o sentimento de perda e deixar que um momento de luto pela morte daquele amor tome conta do coração. Sofrer a perda é um bom preventivo contra crises futuras. Outra providência importante é se manter tão ocupado que não haja espaço para prestar atenção no que está acontecendo com o antigo amor. Finalmente, procure preparar-se para a próxima vez. Pensar que o fim de uma paixão abre a porta para novas emoções ajuda a estar em condições de iniciar novos contatos que poderão redundar em uma promissora relação.

Moderação

Ao contrário do que você poderia pensar, a possessividade não expressa amor, e sim apenas o desejo de controlar o outro. O autoritarismo é um desrespeito à liberdade e, portanto, sinal de desamor e não de amor. Não existe uma "receita" para fazer nascer o amor. E é muito interessante constatar que nós mesmos não podemos nos obrigar a amar uma determinada pessoa, muito embora às vezes tenhamos vontade de que alguém que não se interessa por nós passe a nós amar. São as incongruências e os mistérios do amor…

Outro aspecto paradoxal é a vontade que algumas pessoas têm de amar loucamente. Essa é uma visão do amor muito distante daquilo que parece ser o razoável. Amar loucamente soa como uma contradição, pois o amor deve ser sadio e tranquilo, e portanto, não deveria ter nada de loucura. Além disto, o amor requer independência, o que quer dizer poder viver sem o outro. É muito bom quando duas pessoas que podem viver sozinhas descobrem o desejo de viverem juntas, não porque precisam ou por dependência, mas por escolha, por preferência.

Existe uma mística romântica criada em torno do amor que valoriza os desatinos cometidos em nome do amor, os gestos grandiosos e exibicionistas e os arroubos insensatos e irrefletidos. Mas a verdade é que se nossa vida é impulsionada pelo coração, deve ser dirigida pela razão. A emoção é nosso motor, mas a direção é dada pela capacidade humana de pensar. Quando precisamos tomar decisões sobre os rumos a seguir, o coração aponta a direção mas é a razão que escolhe o caminho. Por exemplo: Homicídios e suicídios são prova de falta de amor. Violência nada tem a ver com amor, é apenas estupidez e brutalidade O sofrimento, por maior que seja, deve ser suportado e superado. Há quem afirme que não pode viver mais sem determinada pessoa, esquecendo-se de que antes de conhecê-la vivia perfeitamente e tinha muitos momentos de alegria sem ela.

A atração sexual que costuma ser tão valorizada é apenas um detalhe do relacionamento amoroso. Em princípio, atração sexual sempre existe entre pessoas sadias, e um bom entendimento na relação sexual é natural, quando as pessoas se gostam, pois sexo é bom e gostoso. Nada mais lógico que as pessoas que se amam se deem bem sexualmente, mas não existe aí nenhuma grande conquista, nem algo difícil de ser encontrado. O que é realmente difícil entre um homem e uma mulher é a capacidade de desenvolver uma relação afetiva de mútuo entendimento e respeito, baseada em sentimentos de admiração, consideração e carinho.

No amor, a palavra-chave é: delicadeza. Quando nos aproximamos de alguém que está mexendo com nossos sentimentos, o importante é que o contato seja feito suavemente, sem que a gente invada a outra pessoa e inunde sua alma com nossa paixão. A melhor maneira de lidar com esta situação consiste em ficar atento aos sentimentos do outro e respeitá-los. Se você o ama, deve sempre querer que o outro se sinta bem ao seu lado. O amor é o que dá colorido e sentido à vida, mas as condições para que o amor floresça são difíceis de serem atingidas e mantê-las é uma árdua empreitada. Por isto o amor é tão valioso.

Amor não é simplesmente um sentimento que brota dentro de nós, mas toda uma forma de nos comportarmos e de dirigirmos nossas vidas. Amor é feito de autoestima em primeiro lugar, e de consideração e respeito pela pessoa amada. Além disto amor requer reciprocidade para poder ter o direito de existir. Amar sem consentimento é uma tolice e até mesmo um desrespeito ao alvo de tal amor. A relação de amor entre um homem e uma mulher se fundamenta na cumplicidade: o casal se junta para construir a felicidade de ambos e não para competir e ver quem consegue passar o outro para trás.

Nota: Algumas destas reflexões foram extraídas do livro “Saber amar”.