Âncoras: gatilhos que controlam um estado emocional; descubra as suas

por Marco Túlio

As âncoras servem para que nossas emoções não fiquem à deriva. Utilizamos âncoras conscientes e inconscientes a todo momento. Para que você possa entender melhor, vamos fazer uma analogia com um barco.

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Esse navega livremente em mar aberto e se desloca pela água. Vai em direção ao seu destino. Se em algum momento, sua âncora é lançada ao mar, isso reduz sua velocidade. Em nós, essa ferramenta dispara um comportamento ou uma sensação. Explico.

Sob o ponto de vista científico, uma âncora é uma relação estimulo-resposta (*Pavlov) ou uma relação causa e efeito. Vamos explicar a origem das âncoras com base na psicologia comportamental.

O condicionamento clássico (ou condicionamento pavloviano ou condicionamento respondente) é um processo que descreve a génese e a modificação de alguns comportamentos com base nos efeitos do binómio estímulo-resposta sobre o sistema nervoso central dos seres vivos. O termo condicionamento clássico encontra-se historicamente vinculado à "psicologia da aprendizagem" ou ao "comportamentalismo" (Behaviorismo) de John B. Watson, Ivan Pavlov e Frederic Skinner.

A experiência que elucidou a existência do condicionamento clássico envolveu a salivação condicionada dos cães do fisiólogo russo Ivan Pavlov. Num estudo sobre a ação de enzimas no estômago dos animais (que lhe dera um Prémio Nobel), interessou-se pela salivação que surgia nos cães sem a presença da comida. Pavlov queria elucidar como os reflexos condicionados eram adquiridos.

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Os cães salivam naturalmente por comida. Dessa forma, Pavlov chamou à correlação entre o estímulo incondicionado (comida) e a resposta incondicionado (salivação) de reflexo incondicionado.

As âncoras, portanto, podem ser estabelecidas em todos os sistemas representacionais e controlam estados emocionais.

Podemos utilizar a sigla VACOG para estes sistemas representacionais que controlam nossos estados emocionais:

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– Visual
– Auditivo
– Cinestésico
– Olfativo
– Gustativo

Por exemplo, o nosso nome é uma âncora auditiva ou visual. O sinal vermelho é uma ancora visual, música, perfume, propaganda, um gesto de socar o ar, cheiro de hospital, gosto de café são âncoras cinestésicas.

Como as âncoras correspondem a qualquer relação estímulo-resposta, devemos ter atenção e avaliarmos nossas âncoras negativas ou positivas.

Através destes 5 sentidos, temos âncoras que controlam nossos estados emocionais e podemos ter âncoras positivas e negativas na nossa vida.

Exemplos de estímulos que geram respostas positivas:

1º) Nosso nome é uma âncora positiva. Afinal, quem não gosta de ser chamado pelo nome? É uma âncora auditiva, você ouve seu nome e se vira para a pessoa que o chamou.

2º) O sinal vermelho é uma âncora visual. Você vê o sinal vermelho e normalmente para o carro.

3º) Uma música que te faz lembrar de um momento agradável.

4º)  Um gesto de socar o ar; um esportista que utiliza um gesto para sentir-se mais motivado; cheiro do bolo que você mais gosta.

5º) Uma mulher que ao utilizar salto alto se sente mais segura.

6º) Uma pessoa que segura uma correntinha ou algum outro objeto para se sentir mais calma; um lugar da casa em que você se sente bem; frase que te deixa feliz.

Exemplos de estímulos que geram respostas negativas:

1º) Uma pessoa é incapaz de voar em um avião porque em algum momento da vida teve uma experiência negativa.

2º) Ser Incapaz de ter uma relação estável porque sofreu em uma relação anterior.

3º) Se a pessoa está nervosa, bebe ou fuma demais.

* Ivan Petrovich Pavlov (Riazan, 26 de setembro de 1849 – Leningrado, 27 de fevereiro de 1936) foi um fisiologista russo conhecido principalmente pelo seu trabalho no condicionamento clássico. Foi premiado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1904, por suas descobertas sobre os processos digestivos de animais.

Fonte: Marco Tulio é professor da Fundação Getúlio Vargas nas áreas de Empreendedorismo, Programação Neurolinguística, Gestão de Pessoas.