por Emilce Shrividya Starling
Muitas pessoas têm o hábito de olhar apenas as próprias necessidades, mesmo quando pensam que estão sendo generosas. Esse ó motivo por que é difícil ajudar os outros, pois existe essa dificuldade de percebê-los em suas necessidades.
Isso cria vínculos sem equilíbrio e até neuróticos, baseados na codependência.
Como diz Melody Beattie em seu livro Codependência Nunca Mais: "Codependente é uma pessoa que tem deixado o comportamento de outra pessoa afetá-la, e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa".
Ser codependente é dizer sim quando queremos dizer não. É fazer o que não queremos fazer. É fazer coisas para os outros que eles são capazes de fazer e deveriam estar fazendo por eles mesmos.
É querer consertar os sentimentos dos outros. Pensar e falar pelas pessoas. Sofrer as consequências pelos outros. Resolver os problemas das outras pessoas. Não pedir o que precisamos ou desejamos. E, nas atividades em conjunto, esforçar-se mais que os outros.
Essas atitudes podem parecer positivas, mas na realidade, geram baixa autoestima, falta de confiança, sentimento de culpa, ansiedade e insatisfação.
Gostar de alguém ou sentir empatia não é ter a necessidade compulsiva de realizar os desejos alheios, própria dos relacionamentos codependentes.
Devemos sim ajudar aos outros, mas sem se esquecer de nós mesmos. É saudável reconhecer nossos limites e necessidades. Nossos relacionamentos serão mais harmoniosos e equilibrados se compreendermos quando devemos dizer sim para nós mesmos e não para os outros, sem culpa.
Sentir a dor do outro não significa que temos que ficar sofrendo ou que temos que reparar a dor dele. Esse é um grande desafio: sentir a dor com a intenção de amparar, com compaixão, mas sem querer transformar a dor da outra pessoa de modo imediato.
Abrir o coração, com sentimentos verdadeiros de compaixão e bondade, é acolher o outro, ajudá-lo a superar suas dificuldades, sem querer mudá-lo, controlá-lo ou evitar que ele sofra.
No livro Acolhendo a Pessoa Amada, Stephen Levine nos mostra como identificarmos se nossos relacionamentos são saudáveis:" Na codependência, as balanças sempre pendem para um lado. É frequente que um tenha de estar "por baixo" para que o outro se sinta "por cima". Não há equilíbrio, somente a temida gravidade. Em um relacionamento equilibrado não há um "outro dominante"; os papéis estão em constante mudança. Quem tiver o apoio mais estável sustentará a escalada naquele dia".
É necessário esse equilíbrio na lei de dar e receber. A troca equilibrada entre ceder e requisitar, dar e receber atenção e afeto nos aproxima de maneira saudável das pessoas sem o risco de criar vínculos de dependência e apegos.
Em seu livro Em Busca de uma Psicologia do Despertar, John Welwood diz: "Se ignoramos ou negamos nossas necessidades, cortamos uma parte importante de nós mesmos e teremos menos a oferecer ao parceiro. O desapego em seu melhor sentido significa não se identificar com as carências e nem com as preferências ou aversões. Reconhecemos sua existência, mas permanecemos em contato com nosso eu maior, onde as necessidades não nos dominam. A partir dessa perspectiva, podemos escolher afirmar nosso desejo ou abandoná-lo, de acordo com as necessidades do momento".
O amor começa com a capacidade de estarmos bem conosco mesmos, de reconhecermos o que não gostamos em nós e o que admiramos.
Quando nós nos rejeitamos ou nos ignoramos, nosso corpo reage e sentimos dor, tensão e desconforto.
Se tivermos um relacionamento superficial com nossas emoções, poderemos negá-las, e nosso corpo irá revelar isso, com problemas psicossomáticos, dores de cabeça, dores de estômago, insônia, manifestando nossa ansiedade e confusão emocional.
Sinta prazer em estar com você mesmo. Goste de sua própria companhia. Assim, você também será uma boa companhia para os outros e não uma pessoa intolerante ou desagradável.
Perceba que quando você está bem, você se sente confortável em seu corpo: a respiração flui livremente, o abdômen está relaxado, as costas estão naturalmente eretas e ombros relaxados.
A chave é manter uma relação direta consigo mesmo, entendendo as próprias emoções e necessidades. Só assim poderemos apreciar a energia agradável dentro de nós e cultivar relacionamentos saudáveis.
Entre em contato com seus próprios sentimentos e reconheça suas próprias necessidades. Essa é a base da empatia e do amor. E, dessa maneira, você poderá entender também as necessidades dos outros e ajudá-los.
Namaste! Deus em mim saúda e agradece Deus em você! Fique em paz!