por Marta Relvas
O cérebro é o órgão do conhecimento. As táticas pedagógicas usadas por professores no decorrer do procedimento ensino-aprendizagem são incentivos que geram a reorganização do sistema nervoso em desenvolvimento, ocasionando transformações de comportamento.
No dia a dia, docentes, genitores e mentores agem diretamente nas transformações neurobiológicas que levam à aprendizagem, apesar de conhecerem bem pouco a respeito de como o cérebro atua. Diante desse advento no meio pedagógico faz-se necessário que a neurociência faça busca desses conhecimentos adicionais para revolucionar a educação prática no século XXI.
"Os nossos maus alunos (alunos considerados sem futuro) nunca vão sozinhos para a escola. O que entra na sala de aula é uma cebola: algumas camadas de tristeza, de medo, de inquietação, de rancor, de raiva, de desejos insatisfeitos, de renúncias furiosas, acumuladas sobre um fundo de passado humilhante, de presente ameaçador, de futuro condenado. Reparem, vejam nos chegar, o corpo em transformação e a família dentro da mochila. A aula só poderá começar realmente depois de pousarem o fardo no chão e descascarem a cebola. É difícil de explicar, mas às vezes basta um olhar, uma palavra amiga, um comentário de adulto confiante, claro e estável, para dissolver essas mágoas, aliviar os espíritos, instalá-los num presente rigorosamente indicativo." (Pennac, D., 2009, p.60)
O universo biológico interno com centenas de milhões de pequenas células nervosas que formam o cérebro e o sistema nervoso comunica-se umas com as outras através de pulsos eletroquímicos para produzir atividades muito especiais: nossos pensamentos, sentimentos, dor, emoções, sonhos, movimentos e muitas outras funções mentais e físicas, sem as quais não seria possível expressarmos toda a nossa riqueza interna e nem perceber o mundo externo, como o som, cheiro e sabor.
A partir de todo o entendimento da funcionalidade da estrutura cerebral, (…) hoje se pode reconhecer que o processo de aprendizagem de cada pessoa está associado à construção de pontes entre a objetividade e subjetividade, entre o ser que observa e o ser observado, e vice-versa, entre o saber e o não saber, entre os seres que coexistem, e juntos, se humanizam e trocam saberes. Essa é a relação e a reação dos sentimentos e das emoções vividas em sala de aula, sob os olhares dos professores e estudantes que fazem parte dessas relações que pulsam dentro de cada um de nós, que é a busca do conhecimento e de um novo saber.
Então, fica a dica de hoje!
Os educadores que usam a arte, o esporte e a comunicação para estimular o aprendizado obtêm ótimos resultados. Para a neurociência, "As emoções são a cola das informações". Em outras palavras, as aulas devem ser uma sucessão de experimentações e associações prazerosas – "aprender é associar".