Até onde confiar em alguém que conheci na internet?

por Tatiana Ades

Estamos vivendo em uma era onde o mundo cibernético tomou conta, isso é fato.

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As pessoas se buscam através nas redes sociais apps e sites de relacionamentos. Não há mais necessidade de sair de casa para buscar um par. Basta ligar o computador e ficar horas teclando em sua sala predileta.

Mas até onde esse comportamento é saudável?

Como saber se a pessoa que está do outro lado da tela é sincera ou não está justamente à procura de alguém carente para dar o bote?

É claro que muitas pessoas na internet são sinceras e não estão em busca de vítimas, mas uma grande parte é mal intencionada. É sobre essas pessoas que iremos falar.

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Os golpes mais aplicados são feitos por homens que buscam mulheres carentes de afeto, o objetivo pode ser apenas sexo, mas também roubo, estupro ou estelionato.

Vamos relembrar alguns casos importantes que nos servem de alerta.

A médica paulista Glaucianne Hara, 41, morta dia 5 de junho a facadas em frente ao hotel Bauer, na cidade de Torres, litoral norte do Rio Grande do Sul. O marceneiro Rodrigo Fraga da Silva se apresentou à polícia e assumiu a autoria do crime. Ele é casado e mantinha com a vítima um relacionamento conturbado havia três anos.

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Conheceram-se pela internet, onde namoraram por um longo período de tempo, até o encontro real. Glaucianne perdeu todo o dinheiro, a vida e deixou dois filhos pequenos.

Esse trecho foi dito pela vítima para mim, na última vez que conversei com ela ainda em vida:

“Estou te ligando para dizer que dessa vez terminou mesmo. Acabo de sair de um coma… Ele me chutou e me bateu tanto que fiquei em coma e perdi os movimentos de uma perna. Quero me dedicar aos meus filhos pequenos, agora basta", diz Glaucianne. E duas semanas depois o discurso muda: "A verdade é que não consigo, vou atrás dele de novo, ele deve ter tido motivos para fazer o que fez..”

A taquigrafa Maria Aparecida lima, 38, foi mais uma vítima de um encontro cibernético que acabou em morte.

Nesse caso, ela mesma tirou a própria vida, tomando veneno de rato: o casal havia combinado um duplo suicídio.

Maria e Ferraz se conheceram no Facebook e começaram um namoro virtual. Ele, casado, inventou que era judeu e trabalhava no serviço secreto de Israel. Isso para não precisar dar detalhes de sua vida íntima.

A polícia confirma que Ferraz induziu Maria ao suicídio. Combinaram de tomar o veneno juntos, mas apenas ela tomou e ele fugiu do quarto de hotel onde estavam.

A família diz que que Maria havia descoberto o estado civil de Ferraz, mas mesmo assim, continuou no relacionamento, pagando as despesas dele e da família (inclusive esposa e filhos) e chegou a comprar-lhe um carro.

No Rio Grande do Norte a corretora de imóveis, Celia Carvalho, 43, foi morta por um adolescente de 17 anos que conhecera no Orkut. O primeiro encontro de Célia com o adolescente, após o contato pela internet, foi em um motel.

A segunda vez em que se viram foi no sábado, na casa em construção na praia de Genipabu, em Extremoz, emprestada por um amigo do primo. A promessa era de fazer um churrasco e beber.

Chegaram por volta das 21h00 ao local, onde encontraram o primo e sua namorada, que haviam fumado maconha e crack.

Depois de todos consumirem uísque e cachaça, os três obrigaram a mulher a fornecer sua senha bancária. Amordaçaram e amarraram pés e mãos de Célia. Mataram a corretora com um cabo de enxada e enterraram o corpo no quintal da casa.

Na manhã de domingo, tentaram sacar dinheiro da corretora em um caixa eletrônico, sem sucesso. O adolescente então trocou os dois celulares roubados da vítima por crack.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Norte, os dois jovens se mudaram há um ano de São Bernardo do Campo (região metropolitana de São Paulo) para Natal, onde moravam na casa de um tio.

Após ficar desaparecida durante quase uma semana, a garota Gabriele Haccourt de Carvalho, de 13 anos, foi encontrada no início da noite de segunda-feira (22/11) pela polícia civil na casa do namorado Douglas Santos, em Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba.

A garota teria saído de casa para se encontrar com um “amigo” virtual que conheceu por meio da rede social Orkut. Segundo a mãe de Gabriele, a menina deixou a casa sem avisar ninguém e teria pegado R$5, 00 sem permissão, para apanhar o ônibus. A partir deste momento, a adolescente não foi mais vista. A família de Gabriele chegou a proibir a menina de usar o computador, porém, a garota fazia o uso do equipamento na casa de parentes. O rapaz continua foragido.

Cuidados

– Não deixe crianças e adolescentes usarem a internet da forma que quiserem, tenha sempre controle das páginas visitadas e se preciso coloque senhas. Inúmeros casos de pedofilia começam pelas redes sociais.

– Cuidado com as informações expostas nas redes sociais, para que você também não seja vítima de sequestro relâmpago. Evite publicar informações que possibilitem alguém chegar até você, inclusive publicar diretamente seu e-mail pessoal. Tome cuidado como a forma que vocè se expõe na webcam para você não ser vítima de cyberbullying.

– O fato de você estar tranquilo em sua casa teclando com alguém, pode trazer uma falsa sensação de segurança ou de privacidade. Mas a internet é uma janela para o mundo e um espelho gigante que reflete todas as mazelas da sociedade.

– Não envie dinheiro a ninguém que não conheça pessoalmente, lembre-se que mulheres carentes são alvos fáceis de homens que as caçam com o propósito das vantagens financeiras.

– Encontre-se com a pessoa com a qual está envolvida em lugares públicos, deixe um amigo(a) saber onde você está. E não dê o seu endereço ou a receba em sua até conhecê-la bem.

Não vamos nos esquecer de que no mundo virtual cada um pode criar o personagem que bem lhe convém!

Cuidado!