As necessidades afetivas de pessoas envolvidas amorosamente não são estáticas. Elas são dinâmicas e vão se modificando à medida que a relação se desenvolve. Então, o que fazer?
Na fase da paixão, vivida por quase todos os casais, os envolvidos têm a impressão que o parceiro(a) suprirá tudo o que precisam. Afinal, quem está apaixonado, sente que estar perto do ser amado é sua única necessidade. Tudo o que é proposto por esse ser maravilhoso preenche totalmente as lacunas afetivas do parceiro. A vivência é de êxtase.
Porém, a paixão não dura para sempre. E à medida em que seu fogo vai apagando as necessidades afetivas individuais voltam a bater na porta. Num primeiro momento com batidinhas leves, mas aos poucos com mais e mais impetuosidade. É aí que as pessoas se mostram como realmente são. Com suas virtudes e defeitos. E é nesse momento que os envolvidos acabam por perceber que não terão todas as suas necessidades afetivas satisfeitas por aquele ser outrora visto como perfeito.
Ao constatar que o par não irá preencher todas as necessidades afetivas: como prosseguir com a relação?
E para que a relação possa prosseguir de forma saudável esta é a hora em que os envolvidos devem avaliar se o que aquele parceiro pode oferecer é suficiente ou não para viver ao seu lado. E entender que as outras necessidades terão que ser supridas por outras pessoas, outras atividades, outras vivências.
Em amor, e por que não em amizades, a relação hermética acaba sendo destrutiva. É necessário preencher as relações amorosas com vivências individuais. Tentar ficar girando em círculo ao redor dos escombros da paixão acaba com qualquer relacionamento. O novo, o diferente, o inusitado é um alimento saudável que pode solidificar relações amorosas saudáveis.
Quase todos os indivíduos, no decorrer do seu relacionamento amoroso, passarão por fases em que sentirão a necessidade de renovação; em algumas, precisarão conhecer gente nova; em outras, necessitarão de momentos de solidão. Todas essas necessidades devem ser respeitadas, caso o casal queira permanecer junto.
Meu par me disse quer ficar sozinho
Quando um dos parceiros diz que quer ficar sozinho, por exemplo, esse pedido tem que ser levado em conta. Porque a solidão ajuda a entender e elaborar as vivências. E muitas vezes esse pedido é tomado como desinteresse e sofre ataques de desespero. Antes de qualquer reação de defesa, é necessário que haja empatia com a necessidade alheia. Que, em geral, é válida. Da mesma forma, quando a pessoa expressa uma necessidade de encontrar os amigos sem a companhia do parceiro, é importante que se entenda que essa necessidade não significa, necessariamente, que o amor está acabando mas sim que esse amor precisa ser renovado a partir de vivências e trocas com pessoas diferentes.
Diante dessas reflexões, podemos concluir que o preenchimento de necessidades afetivas não pode nem deve ser atribuído a uma única pessoa sob pena de uma sobrecarga que pode destruir a relação. Cada uma de nossas necessidades afetivas, se trabalhadas conscientemente, encontrará parcerias adequadas. A relação amorosa deve ser complementada por essas parcerias e não se sentir ameaçada por elas. O amor deve libertar e não aprisionar.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.