por Rosemeire Zago
Abra espaço para ouvir e ser ouvido, sem criticar, julgar, mas com o desejo sincero de um compreender o outro Quando sugerimos conversar sobre a relação muitos fogem, como se fosse algo difícil de realizar. É certo que algumas conversas nos desgastam e nos deixam sem energia, mas creio que há uma diferença básica entre conversar e discutir. A discussão geralmente implica em um querer provar sua verdade para o outro, ou ainda, querer sair por cima, ser o certo.
E muitos ainda, com intenção ou não, acabam por humilhar, desprezar o outro e principalmente seus sentimentos.
Claro que isso só leva a mais desentendimentos. Discutir a relação, a famosa DR é mal compreendida, então podemos pensar em conversar sobre os sentimentos de cada um, com o intuito que ambos se sintam bem ao lado do outro, e nunca o contrário. Quando desejamos genuinamente conversar com o outro, ou seja, fazer com que entenda o que sentimos ou como determinada atitude ou situação nos afetou, a intenção não é brigar, mas acima de tudo, ser compreendido.
Como está sua relação afetiva? Com que frequência vocês conversam sobre os sentimentos de cada um? Será que não está na hora de esclarecer algumas insatisfações para não se somarem em ressentimentos e mágoas? Mas quando for conversar fique atento em alguns comportamentos, alguns fazem com que fiquemos mais próximos do outro, enquanto outros apenas nos afastam.
Comportamentos que afetam a longo prazo de forma positiva o relacionamento amoroso
– Voltando-se na direção do outro. Significa responder de maneira positiva às necessidades emocionais do outro. Isso facilita que com o tempo, desenvolvam relacionamentos estáveis e duradouros. Voltar-se para o outro gera menos conflitos, porque ambos estão numa relação tendo as conversas que precisam ter. Conversas essas que demonstram o interesse e a preocupação que sentem um pelo outro.
É evidente que nem sempre conseguimos estar atentos às necessidades do outro 24 horas por dia, todos os dias. Mas se quiser estabelecer um vínculo emocional mais profundo com alguém, volte-se na direção dessa pessoa o mais frequentemente que puder. Se conseguir se voltar na direção da pessoa que é importante na sua vida, mesmo quando estiver magoado, triste, zangado, frustrado, o relacionamento entre vocês se tornará mais sólido.
Há necessidades emocionais comuns a todas as pessoas. Todos querem: sentir-se parte de algo; ter a sensação de controle da própria vida; ser amado. Quando essas necessidades são satisfeitas há a manutenção do vínculo emocional e uma melhor qualidade no relacionamento. Ou seja, se o casal é capaz de continuar a se voltar um para o outro de modo satisfatório, o vínculo existente se fortalecerá. Há momentos em que um pode estar enfrentando uma situação particular difícil, como dificuldade financeira, falta de trabalho, uma doença, a perda de uma pessoa querida; muitos nestes momentos se afastam ainda mais, quando o melhor, para ambos, é se aproximar e contar com o apoio do outro.
Seja o que você estiver enfrentando, não precisa fazer isso sozinho, quando se tem alguém ao lado. Compartilhar o que está sentindo pode não resolver todos os problemas, nem fazer desaparecer a dor, mas compreensão e empatia podem ajudar muito a enfrentar este momento, fortalecendo ainda mais a relação.
É importante salientar que a tendência em criar e manter o vínculo emocional também é determinado pelo histórico de vida, principalmente na maneira como fomos educados e tratados quando criança. Muitos fatores influenciam a disposição de uma pessoa se voltar na direção de quem é importante em sua vida, como o modo em que as emoções eram tratadas no lar em que foram criadas. Aprender a reconhecer e voltar-se para as necessidades emocionais do outro podem ajudar a criar um ambiente familiar mais estável e carinhoso. E quem não deseja isso? Examine seu passado e como pode ter criado suas necessidades e a maneira de lidar com cada uma delas.
Verbalize ao outro suas dificuldades, deixando claro que não tem a obrigação de resolvê-las, mas que tenha o cuidado de não acentuar o que para você é tão difícil de superar. Por exemplo, uma pessoa que tenha tido um pai muito autoritário, provavelmente terá dificuldade em lidar com situações de autoritarismo. Quando o outro por algum motivo agir como esse pai, certamente irá mobilizar sentimentos que está tentando superar. Por isso é importante conversar, fazer com que o outro saiba como se sente diante de certas situações e atitudes.
Se ambos estão dispostos a aprender, começar a prestar atenção e mudar de direção quando cometem algum erro, é provável que consigam melhorar o relacionamento. A necessidade de pedir desculpas, fazer ajustes, não é humilhação, fraqueza, mas sim um sinal de maturidade e demonstra que as pessoas dão valor umas às outras e estão dispostas a vencer os obstáculos para permanecer juntas. É superando conflitos que a relação se fortalece. Exemplo: A esposa conta o que aconteceu durante o dia, e o marido se mostra interessado, fazendo outras perguntas, querendo saber mais. Isso faz com que a esposa sinta-se importante e que é ouvida, fortalecendo o relacionamento.
Pode acontecer ainda de apenas um estar atento às necessidades do outro. Imagine como se sentiria se tivesse constantemente buscando a atenção do outro. Com certeza, não seria uma situação nada saudável, e que também pode afetar o relacionamento. É imprescindível que ambos estejam dispostos a agir na mesma direção.
Comportamentos que afetam a longo prazo de forma negativa o relacionamento amoroso
– Ir contra o outro: Significa responder a uma necessidade de maneira negativa. Como dar uma resposta com comentários maldosos, com ar de superioridade; ofensas; respostas agressivas, que são provocadoras ou contestadoras. Respostas críticas, ataques ao caráter da pessoa.
Por exemplo, ser irônico, humilhar, ser agressivo em gestos ou palavras, desconsiderar, desrespeito isso tudo faz com que o outro se feche; reprima seus sentimentos; isso gera distância que causa separação. Independente da origem, voltar contra as necessidades do outro, faz com que os sentimentos sejam reprimidos, e o relacionamento pode terminar, apesar de demorar um pouco.
Exemplo: Esposa diz que poderiam comprar uma televisão nova, e o marido responde: “e o que você entende de televisão?” A conversa se rompe imediatamente.
– Afastar-se do outro: É quando não presta atenção às necessidades emocionais de outra pessoa, sendo indiferente, ou tendo como resposta o silêncio. Por exemplo, enquanto um fala algo o outro continua fazendo algo, não se voltando em direção à pessoa. Isso ocorre quando uma pessoa está dizendo algo e o outro continua lendo, assistindo televisão ou olhando para o computador e dá uma resposta qualquer. Acontece também quando como resposta fala sobre outro assunto. Ou seja, a pessoa não ouviu o outro, não está interessada no que o outro está dizendo, ou ainda quando há como resposta apenas o silêncio, como se o outro nada tivesse falado.
O afastamento é na verdade destrutivo, pois o conflito se intensifica, gera sentimentos de mágoa, perda da segurança e o relacionamento tende a terminar logo.
Exemplo: Esposa pede desculpas pelo que falou antes. Ela toca novamente no assunto no decorrer da noite e o marido nada responde.
É preciso considerar que algumas pessoas sentem muita dificuldade em falar sobre seus sentimentos, principalmente quando isso não foi estimulado no ambiente familiar. Por isso, algumas reações estão relacionadas em como as emoções eram tratadas na família de origem. Mais uma vez é conversando que surge o entendimento, seja do histórico de vida de cada um, as relações afetivas anteriores, pois tudo isso pode contaminar o atual relacionamento.
Quando você é atencioso consegue perceber ao longo da convivência as necessidades emocionais da outra pessoa e responder a ela. Sempre que fazemos uma pergunta, temos um gesto, um toque, em direção a outra pessoa, esperamos uma resposta, isso é natural, e quando não há, nos frustramos, nos decepcionamos, nos magoamos.
Avalie sua relação e o vínculo emocional entre vocês. A demonstração de querer bem, abrir espaço para ouvir e ser ouvido, sem criticar, julgar, mas com o desejo sincero de um compreender o outro, com certeza facilitará a formação de vínculos e preparará o caminho para um relacionamento mais profundo e significativo.