por Eduardo Yabusaki
Segundo um estudo publicado na revista Evolutionary Psychology (Price et al., 2015), os homens com corpos mais atraentes seriam mais egoístas e menos suscetíveis de favorecer a igualdade. Já as mulheres com corpos mais atraentes não mostram maior tendência para o egoísmo ou menos interessadas na igualdade.
Bem… eu não consigo analisar nesta perspectiva questões que são, ao meu ver, significativamente distintas na caracterização de pessoas, personalidades ou perfis que atuam na socialização dos indivíduos.
Pensar em beleza física ou atratividade, por si só, já é um tema delicado e polêmico. Nos quesitos beleza e atração, não temos como estabelecer um padrão para questões tão subjetivas, pessoais e diversificadas. Afinal, o gosto é peculiar para cada pessoa. O que agrada enquanto beleza ou atrai a uns e outros, pode não ter o mesmo efeito para tantos outros; e o inverso é verdadeiro também.
Definir esses critérios e, a partir deles, falar sobre egoísmo ou altruísmo, pode não ser um parâmetro justo para comportamentos nobres e louváveis, mas que dependem de outras tantas características e histórico de cada um, de sua organização interna de conceitos, valores, sentimentos, ideais… Enfim, inúmeras outras questões existenciais e posicionamento de vida frente às suas experiências. Assim considero essa correlação simplista demais.
A questão de igualdade entre as pessoas tem muito mais associação em como a pessoa veja e entenda o mundo enquanto valores, construção de vida, conceitos sobre a existência humana, papel de cada um na sociedade em que está inserido, do que simplesmente ela ser bela ou atraente…
O egoísmo está muito mais associado à construção que cada um faz a seu próprio respeito e seu posicionamento frente ao mundo sobre aquilo que entenda sobre o seu papel, a sua existência neste mundo e o que fará para que a sua vida tenha sentindo para ele próprio, independentemente de qualquer fator externo.
Na realidade, avalio que são questões muito mais pessoais, no sentido filosofal mesmo, do que relativas à aparência, ou ser ou não, sentir-se ou não, atraente. Pode existir pessoas que façam estas características prevalecerem em suas manifestações sociais e convivência com pessoas. Entretanto, fico a refletir e avaliar a profundidade e valoração que essas pessoas estejam processando. Será mesmo tudo verdadeiro, ou fundamentado naquilo que se vê e não no que se pensa, sente ou vive?
É preciso que tenhamos certos cuidados com tais pesquisas para que não corramos o risco de reforçar ou valorizar demasiadamente o que, talvez, não seja tão importante ou fundamental para nossa própria existência e fiquemos reproduzindo características fúteis ou insensatas para nós. Com tais pesquisas, mais do que dar fé ou buscar sua veracidade, é importante que reflitamos sobre como pensamos, sentimos e avaliamos sobre tal tema e, consequentemente, como agimos em nosso cotidiano, reproduzindo ou não aquilo que foi revelado.
Portanto pense sobre como se cuida, como se faz atraente, e como e o quanto isso é importante para sua vida e sua convivência social. Claro que temos que ter um cuidado conosco e amor-próprio em nossas manifestações, mas isso não precisa ser a tônica de nós mesmos. Saber de si mesmo é sempre a melhor forma de ficar bem e conviver bem e com tranquilidade onde quer que estejamos, portanto, sem neuras e sem excessos.
Respire, reflita, relaxe, mas acima de tudo, viva!