por Luiz Alberto Py
Amar só é possível para quem tem boa autoestima. Ser feliz também. O elemento básico da felicidade é a autoestima, ou seja, a felicidade começa com a melhora de nossa autoestima. Para você ser feliz e poder amar de verdade, saudavelmente, deve estimular o crescimento da sua autoestima e atingir um elevado nível de autoestima. Quanto mais autoestima, maior a capacidade de amar. Portanto, para você conseguir amar de forma intensa, para dar e receber amor com confiança é preciso desenvolver a autoestima.
E como se consegue isto? autoestima significa gostar de si mesmo. Em principio, gostar de si mesmo parece óbvio. Observando os animais – que não tem uma mente como a nossa – vemos, através de seu comportamento, que eles evidenciam uma sólida autoestima. Eles simplesmente se gostam. Aparentemente os bichos são todos felizes. Quem tem um cachorro ou um gato em casa pode perceber isto. Eles têm os seus problemas, podem passar fome ou dificuldades de toda espécie e acabam morrendo, como todo ser vivo morre. Mas eles passam pela vida com um evidente sentimento de felicidade e de amor por eles mesmos.
Eles são naturalmente felizes. Penso que nossa dificuldade em sermos felizes nos torna diferentes deles. E o que faz esta distinção é a razão, pois o fato de termos uma mente racional, é a mais clara separação existente entre os animais (já chamados de "irracionais") e os seres humanos. A mente, em um sentido muito específico, nos dota da capacidade de antever o futuro. A grande distinção entre os seres humanos e os animais é esta nossa capacidade que está muito além do que eles conseguem fazer. Ao pensarmos sobre o futuro, criamos um conflito interno entre nossos desejos imediatos e nossa vontade de planejar a vida.
Portanto, já que a razão nos distancia da felicidade, nada mais natural do que cobrar da razão que nos devolva a felicidade e também a autoestima. Busquemos pois a felicidade e nos preparemos para sermos felizes.
A grande transformação da vida do ser humano no nosso planeta se deveu à agricultura que possibilitou que aquele animal nômade, que vivia catando alimentos e caçando, pudesse se estabelecer em um lugar para esperar a colheita do que havia plantado e com isso surgiram os abrigos permanentes, as casas, as aldeias, cidades e países. Toda a civilização nasceu da agricultura, que foi a primeira cultura humana. Todo nosso acervo cultural começou aí. E começou a partir desta capacidade de prever o futuro, de prever que o grão, uma vez semeado, germinaria garantindo a alimentação.
Porém, a capacidade de antever o futuro nos criou o conflito interior, um problema do qual os animais não padecem. Nós todos passamos por situações constantes, diárias, de conflitos interiores. E o conflito é, basicamente, sempre entre o desejo imediato e o nosso investimento no futuro. Para dar um exemplo bem infantil, mas que assinala o começo deste eterno drama humano: a criança quer ficar jogando bola ou quer ficar brincando de boneca, mas tem de ir para o colégio. Plantando para colher mais tarde . Semeando agora, estudo, aprendizado, etc. A criança desde cedo é confrontada com a percepção deste conflito: "Quero isto agora, mas quais são as conseqüências disto mais tarde?" Para evitar confusão, utilizo a palavra desejo para os sentimentos imediatos e a palavra vontade para os desejos que se referem ao futuro. Portanto, usando estas denominações, pode-se dizer que vivemos um conflito entre nossos desejos e nossas vontades. Voltarei em breve ao assunto, para falar de como evitar danos à autoestima.