por Samanta Obadia
Hoje eu senti muita falta do tempo em que brincávamos de casinha.
Como era simples arrumar os móveis e trocar as bonequinhas de lugar. Planejávamos nossas vidas de maneira ordenada e de acordo com as nossas vontades.
O faz-de-conta facilitava tudo. Era só desejar e pronto. Estavam em nossas mãos, as bonecas e as casinhas nos lugares adequados.
Às vezes, a vida de quem nós amamos, leva a esta vontade de resolver tudo bem rapidinho, de juntar as casinhas para ficar bem pertinho e ajudar a outra pessoa o tempo todo.
Entre crianças é assim.
Juntávamos as casinhas, que de repente mudavam de tamanho, colocávamos os Falcons para fora quando incomodavam, e pronto. Os bebês eram colocados para dormir nos bercinhos quando queríamos, enquanto nossas Barbies e Susis conversavam lindas em suas cadeirinhas, diante da televisão. Como era confortável a ingenuidade infantil de nossas vidas inseridas em simples brincadeiras. No fim, dormíamos cansadas enquanto nossas bonequinhas aguardavam quietinhas para vivenciar novas historinhas no dia seguinte.
Mas o tempo passa e a gente cresce, recebendo da vida sérias atribulações e impossibilidades físicas, que nos impedem de transitar livremente de acordo com os nossos desejos.
Não nos é permitido resolver as coisas com a praticidade das crianças, onde as brincadeiras são a realidade.
Hoje eu queria poder brincar de casinha, juntando as bonequinhas e seus apetrechos, para que elas pudessem ficar grudadinhas e dormir seguras de que no dia seguinte tudo estaria no mesmo lugar.
1 Falcon é um boneco masculino da década de1970, do tamanho da Barbie.