por Carminha Levy
O xamã é antes de tudo um agente de transformação e nos cabe sempre a tarefa de ampliar a consciência através de nossas atitudes, que revelam nossa postura no mundo.
Existe na tradição dos índios norte-americanos um ensinamento que se tornou a bússola que me guia ao meu ponto de chegada: a impecabilidade do guerreiro.
Esses ensinamentos são os três nãos do guerreiro.
Primeiro: Não deixe de fazer o que tem de ser feito.
Segundo: Não faça nada, quando nada mais pode ser feito.
Terceiro: Não emita opinião fechada de certo ou errado (não julgue).
Confesso que minha grande dificuldade é praticar o segundo não. Conseguir se conter e aguardar é a verdadeira entrega aos desígnios sagrados, com a grande vantagem também de pararmos de querer ser Deus, ser onipotente.
Portanto, cabe a nós, cocriadores da nova realidade, juntar nossos esforços na firme decisão de praticar o primeiro não do Guerreiro.
Talvez cause estranheza o título do artigo, mas é das pequenas (ou grandes) barbaridades que as crianças veem em casa que se originam o desejo de subjugar o outro (essa é a essência do bullying).
A esposa passiva que sofre as grosserias do marido, que podem ir desde a agressão oral à física; muitas vezes proveniente da embriaguês que solta todos os demônios do inconsciente.
O irmão que tomado de ciúmes do caçula, não perde oportunidade de judiar dele sob a negação da mãe que acoberta com: “isso é brincadeira de criança”.
A esposa que humilha diariamente o marido desempregado que não traz o dinheiro para honrar seu papel de provedor. Esse papel é assim substituído pela mãe que arquetipicamente não aceita esse papel, pois quem tem de prover a subsistência é o homem.
Em suma, o que acontece na microssociedade família é ampliado pelas crianças para sua mais próxima sociedade: a escola.
Convém notar que nas escolas quem mais pratica o bullying é a vítima na família. Posso afirmar também que aquela horda terrível de homens e mulheres que tal qual abutres ficam na porta das prisões gritando assassinos são os mais bullyimisados pela vida, em casa, no trabalho, na escola.
Após esta breve explicação da dinâmica do bullying vamos conhecer dados estatísticos do fenômeno recolhidos nas escolas:
Um estudo feito com estudantes do ensino fundamental em escolas públicas e privadas do Brasil revelaram que 10% foi alvo de bullying, 17% foram perseguidos na internet, 20% presenciaram atos de violência com frequência, 28% dizem que sofrem de maus tratos na escola; o que mostra que as instituições de ensino pouco fazem em relação ao assunto. 58% das escolas não acionam os pais da vítima nem dos agressores e pasmem!: 80% delas não punem os autores do bullying.
Vê-se aqui a covardia das escolas para punir o bullying. O mesmo fenômeno da pedofilia dos padres que foi vergonhosamente encoberto pela Igreja Católica. E eu me pergunto o que é esse comportamento perverso que cega toda possibilidade de sermos os seres de luz que realmente somos, com a missão de amar e proteger o próximo.
Senhores pais, se não quiserem por falta de tempo, medo de encarar um problema grave que seus filhos estejam sofrendo ou por que vocês praticam a técnica do avestruz de enfiar a cabeça na areia, está na hora de praticar o primeiro não: ajam com urgência!
Sintomas de quem sofre bullying
– Resistência de ir à escola; dor de cabeça; febre; ataques de pânico momentos antes de ir para a escola; perda de apetite e insônia; terror noturno; crise de choro na volta da escola e queda do desempenho escolar. Essa sim faz com que os pais se mecham, pois pensam no rico dinheirinho que perderão se os filhos repetirem de ano.
Atenção, muito destes sintomas são também reveladores de abuso sexual. Protejam seus filhos. Eles foram lhes entregues por um contrato sagrado, antes de nascer, no qual vocês se comprometeram mutuamente serem responsáveis pelo crescimento de suas almas e vice-versa.
O clima de amor e proteção que existe na família é o único antídoto que nós pais temos contra a violência da vida, da T.V. e dos jogos eletrônicos que preparam o inconsciente de nossos pequenos para serem agentes de destruição.
Sejamos cocriadores de um novo lar para os nossos filhos e para a Mãe Terra.
Vamos combater este Bom Combate e que a Paz prevaleça sobre a violência, a partir da prática do primeiro não.
Dados bullying: fonte: revista Veja de 20 de abril de 2011 – Editora Abril