por Roberto Goldkorn
“Acredito ou não, que um dia, Marte foi habitado por uma civilização avançada?”
Cerca de quarenta anos atrás, fui convidado a participar de palestras num centro espiritualista chamado Ramatis em São Paulo. Lá, aprendi que Ramatis era uma entidade espiritual de origem marciana que contava suas memórias de como era seu planeta natal, conhecido por nós a longo tempo como o planeta vermelho – Marte.
Na ocasião contei isso para alguns amigos céticos que deram muitas risadas, e me chamaram de tolo, de crédulo, por dar ouvidos a essas enganações: “Até as pedras da rua sabem que Marte é um planeta estéril, cuja atmosfera é tóxica e mais que tudo não tem água. E até as pedras da rua sabem que o pré-requisito fundamental para qualquer espécie de vida é a existência de água, e Marte NÃO TEM ÁGUA!”
Nessa mesma época recebi de um amigo que havia acabado de chegar dos EUA um pôster ilustrando o planeta Terra, cerca de 3 bilhões de anos atrás. A cena era assustadora: O ar era vermelho com gases ultravenenosos, vulcões cuspiam fogo e fumaça negra por todo o canto, os rios eram de ácido sulfúrico; parecia uma pintura da pior e mais macabra imagem do INFERNO, ou seja, mais hostil à vida, impossível. Mas as sementes da vida, da nossa vida já estavam lá. Pensei que um dos componentes da vida, o mais constante e universal deles é o TEMPO.
Três décadas depois, chegou-nos a notícia que faltava: existe gelo em Marte! Embora gelo ainda não seja H2O em estado líquido já era uma baita de uma descoberta, a Vida estava se aproximando de Marte em alta velocidade. No ano passado algumas instituições científicas adiantaram: existe uma imensa possibilidade de haver água em estado líquido em Marte. Agora isso foi confirmado definitivamente para desalento dos céticos apressadinhos.
A vida pode ter existido em Marte, como certamente dirão exploradores do espaço em relação à Terra daqui a duzentos ou trezentos milhões de anos (alguns milhões a menos ou a mais).
Talvez não a vida que chamamos de nossa vida humana, mas outras possibilidades, ou quem sabe nós mesmos não viemos de lá? Já existem cabeças pensando em como teremos de sair desse planeta para continuar a nossa saga, talvez em Marte ou em outro pedaço de rocha mais amigável, caso o nosso planetinha se mostre novamente hostil à vida.
O desenvolvimento da vida, como da evolução, da Consciência, é assimétrico. Imaginem que alienígenas aterrissem no deserto da Namíbia e passem a conviver com as tribos nômades que existem lá, achando que eles são os habitantes e donos do planeta. Imaginem por outro lado que outros alienígenas aterrissem em Nova Iorque e acabem resumindo o planeta a Big Apple.
As pessoas, as culturas, até as bactérias e os astros, estão em níveis de desenvolvimento diferentes. Quando entramos em contato com eles, apenas vamos ver um instantâneo de seu presente, mas todos estão pregados na linha do tempo: Todos têm passado e futuro. Para a filosofia a vida é o AGORA, para a espiritualidade a vida É.
Existem pessoas que estão no estágio marciano: são estéreis, desprovidas de emoções superiores, com zero de Consciência, muitas vezes intelectualmente inferiores a certos animais, porém possuem “água” em estado líquido, portanto são portadoras do potencial de vida, poderão algum dia se desenvolver e se tornarem uma Terra por exemplo.
A assimetria é uma das formas da vida jogar o jogo da existência, e não entender isso é perder de vista a regra desse jogo: tudo é relativo.
Quanto ao espírito do Ramatis e suas narrativas marcianas, a pergunta que fica, diante de tudo que aconteceu nesses últimos quarenta anos é:
– Acredito ou não, que um dia, Marte foi habitado por uma civilização avançada?
A resposta insatisfatória para quem aposta no sim ou não é: prefiro esperar as cenas dos próximos capítulos e, enquanto isso, vou cultivar o meu jardim. Afinal, esse é o real na minha vida.