Um casamento que “abre e fecha”, pode dar certo, mas seu sucesso dependerá de uma série de variáveis que deverão ser muito bem avaliadas pelo casal; entenda
E-mail enviado por uma leitora:
“A gente lê tanta informação na internet, que às vezes nem prestamos atenção em quem falou, mas foi uma declaração de uma celebridade e me intrigou bastante… Ela disse mais ou menos assim: “Meu casamento é vivo, ele abre e fecha”. Normalmente quando pensava sobre isso, sempre pensava em uma opção ou outra e não nessa flexibilidade… Essa dinâmica pode realmente funcionar? Muita obrigada se puder me esclarecer.”
Resposta: Estamos vivendo numa época em que os modelos rígidos de comportamento, de sexualidade e de casamento estão dando lugar a opções mais flexíveis, mais individualizadas, mais líquidas. Nesse sentido será cada vez mais frequente encontrarmos modelos “intrigantes” que nos farão refletir e chegar mais próximo da nossa própria verdade sobre relacionamentos amorosos.
Um casamento que “ abre e fecha” , pode dar certo , mas seu sucesso dependerá de uma série de variáveis que deverão ser muito bem avaliadas pelo casal.
Como abrir e fechar o casamento pode dar certo
A primeira dessas variáveis é o momento certo de abrir e de fechar. Para os dois, obviamente. Isso pode não ser tão fácil.
Vamos pensar numa situação hipotética de um casal que abriu o casamento, a abertura funcionou, mas esse casal resolveu ter um filho. Nessa fase do puerpério, a mulher estará totalmente voltada para a criança, de quarentena, exausta. Num casamento aberto pode ser a fase em que o homem estará mais propício a procurar outras mulheres mais disponíveis. Será que essa mulher se sentirá confortável com essa situação? Ou ela tenderá a querer o marido mais voltado para ela e a criança? Será que essa mulher ficará confortável vendo seu marido sair todo arrumado enquanto ela, descabelada e esgotada se vê prisioneira da maternidade? Talvez, esse momento seja um momento de fechar o casamento por uns tempos. Pelo menos pela ótica feminina. Esse tipo de situação, por exemplo, pode ser discutido pelo casal antecipadamente para evitar decepções. Tudo isso para dizer que o tempo de abrir e fechar deve ser muito bem calculado para que o abrir e fechar não se transforme num transtorno e perca o sentido.
Outra questão a ser discutida é a questão básica de qualquer relacionamento aberto no que diz respeito às regras desse casamento. Sim, estabelecer regras e limites é essencial quando se quer sair das regras preestabelecidas pela monogamia.
Como se concretizará essa abertura?
Os relacionamentos paralelos serão expostos explicitamente para o companheiro(a)? Ou cada um terá o direito de guardar para si próprio suas relações pessoais? É importante que o limite da cumplicidade entre o casal seja discutido e determinado.
Afinal, não é porque o casamento é aberto, ou semiaberto, ou “abre e fecha” que vale qualquer coisa. Não. Em qualquer relacionamento as necessidades pessoais dos envolvidos têm que ter um peso igual para que a relação seja saudável.
Conceitualmente, um casamento que abre e fecha envolve muita conversa e muita disponibilidade de respeitar o combinado. É possível que um casal que viveu um casamento aberto tenha dificuldades em reprimir suas vontades se, por algum motivo, o casal combinar que é hora de fechar esse casamento.
Por outro lado, um casal que viveu um casamento fechado pode encontrar dificuldades em conter suas ansiedades e seus temores de ser trocado por outra pessoa se resolver abrir a relação. Como vemos, não é tão simples assim viver essa dinâmica de um “casamento vivo” citado pela celebridade.
Certamente poderíamos ficar discorrendo infinitamente sobre exemplos de questões relacionadas a um casamento que “abre e fecha”. Mas mais lógico, para responder se esse tipo de casamento pode dar certo ou não, é entendermos que todo e qualquer tipo de casamento, para dar certo, depende da maturidade dos envolvidos, da compreensão realista do que é dividir a vida com alguém, e da capacidade de se colocar no lugar do outro. Sem esses três pilares de sustentação casamentos abertos, fechados, ou semiabertos não sobrevivem.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.