por Anette Lewin
"Ficava no pé do meu namorado e o sufocava com muitas ligações e mensagens. É possível apagar essa impressão e reconquistá-lo?"
Resposta: Talvez a pergunta deva ser elaborada da seguinte maneira: "Eu já sou capaz de lidar com minhas inseguranças de uma forma mais madura, sem ficar pegando no pé do meu parceiro ou mandando mensagens em excesso?"
Sim, porque de nada adianta você querer mudar seu comportamento se seu interior ainda não está pronto para isso, não é?
Se a impressão que você causou em seu namorado pode mudar ou não, é muito difícil saber. Agora, se você está se transformando numa pessoa mais segura de si, sentindo que tem mais a oferecer, enxergando-se como uma pessoa mais evoluída, fica mais fácil de identificar, não é?
Uma das atitudes que mais atrapalham qualquer relação amorosa é quando as pessoas envolvidas não entendem a diferença entre o prazer individualizado e o prazer compartilhado. Quando alguém pega no pé do outro, no fundo está tentando transformá-lo em um instrumento para a obtenção de prazeres pessoais: entre eles, a sensação de controle e segurança. Porém, quanto maior a insistência, menor a sensação de que o afeto recebido é espontâneo; quanto menor a espontaneidade da presença, maior a insegurança e quanto maior a insegurança… maior a insistência. Forma-se assim um circulo vicioso que, na maioria das vezes, acaba por destruir qualquer possibilidade de relacionamento saudável.
O prazer compartilhado implica em respeito ao outro e ao espaço do outro antes de mais nada.
Nem todas as pessoas gostam de viver grudadas; nem todas gostam de ficar conversando por longas horas; nem todas expressam afeto explicitamente.
Assim, o prazer de um pode ser o desprazer do outro. O prazer compartilhado acontece de vez em quando, quando existe uma coincidência espontânea nas vontades individuais. Não é todo dia, não é toda hora. Entender esse mecanismo é essencial para que a pessoa não interprete os nãos do parceiro como desafeto e se transforme num poço de insegurança.
Sempre existirá a chance de apagar uma má impressão causada, mas somente através de um amadurecimento obtido depois de muita reflexão, boa vontade, paciência e uma real possibilidade de se interessar por outra pessoa pelo que ela é, e não pelo que ela pode proporcionar. Assim, talvez seja mais importante, nesse momento, você trabalhar suas inseguranças e aprender a gostar de você. Descubra prazeres que você mesma possa se proporcionar, trate-se bem, seja provedora de si mesma.
Quanto mais independente você se tornar, mais conseguirá atrair espontaneamente pessoas que queiram compartilhar prazeres com você. A reconquista de alguém que já formou uma opinião sobre você é tarefa difícil, embora não impossível. É importante avaliar se vale a pena, ou se é mais sensato buscar um novo amor com o qual você possa iniciar uma relação menos angustiante. Ou seja, com a calma necessária para esperar o momento em que seu parceiro a procure por vontade própria e não por uma insistência pegajosa.