Entenda por que dar um feedback a um colega com postura tóxica pode ser um presente. Aprenda a precisa técnica do feedback sanduíche para você poder trilhar esse terreno desconhecido sem derrapar.
E-mail enviado por um leitor:
“Tenho um colega de trabalho que é autoritário. Ele não é meu superior, mas acho essa postura dele ruim, lamento pelos seus subordinados e acho que essa postura pode deixar o ambiente tóxico; deveria dar esse feedback para ele? Mesmo porque, a gente não muda uma pessoa. Se puder me ajudar fico agradecido.”
Resposta: Se é um colega e você tem certa abertura com ele, sim, dê esse feedback em favor da humanidade! Brincadeiras à parte, feedback é um presente! Deve ser dado! Por mais que saibamos que, assim como citou, não mudamos ninguém, pode ser que seja justamente isso que esteja faltando na vida do colega, alguém que fale a verdade, seja sincero e aponte as falhas.
Por incrível que pareça, pode ser que ele não tenha percebido o mal que faz às pessoas que estão ao seu redor. Talvez essa seja a vontade dos subordinados dele, que se sentem pressionados e acabam não falando o que pensam e sentem, muitas vezes adoecendo, pedindo demissão e tentando se livrar dessa situação por outros meios, como o uso de álcool e outras drogas.
A verdade é que um ambiente tóxico faz mal para todo mundo e é urgente que líderes aprendam a lidar com outros seres humanos de maneira respeitosa e justa.
A Síndrome de Burnout, por exemplo, é responsável por vários casos de afastamento pelo INSS. Ou seja, estar em um ambiente insalubre também é ruim para o bolso de todos, da sociedade, da empresa, da família, além de ser péssimo para a saúde mental de quem vive essa situação.
Feedback sanduíche – técnica e precisão
Para te ajudar, segue uma forma de aplicar esse feedback, pois, por mais que seja algo informal, você estará pisando em um terreno desconhecido. Então, precisar fazê-lo com técnica e precisão, sem a sua emoção estar envolvida.
Para ajudar, na hora de falar com o colega, siga esta sigla = H C C O
H – Qual foi a hora, o momento, em que aconteceu a atitude? Dê exemplos da situação.
C – Qual foi a atitude, o comportamento? Deixe claro.
C – Qual foi a consequência do ato? Quais podem ser as consequências? Quais têm sido?
O – Qual são as opções que o colega pode dar como sugestão para mudança?
Feedback serve para influenciar (habilidades e hábitos), é uma conversa que gera impacto, é intencional.
Você pode até mesmo se oferecer para acompanhar esse colega, verificando quais mudanças podem ser aplicadas e a melhor forma de fazer isso, discutindo soluções. Vocês podem combinar encontros periódicos e você também pode indicar a ele uma terapia, mentoria ou outro tipo de trabalho para reforçar a mudança de comportamento.
Ouça-o também, dando espaço para que ele se expresse. Seguindo o raciocínio da sigla, se você mostra com fatos e dados a questão em si, fica mais difícil a pessoa fugir, dizer “esse é o meu jeito” ou não querer admitir a questão.
Esteja preparado
Claro que você tem que estar preparado para ele se recusar a aceitar ou ouvir, mas, creia que a semente foi plantada e que você fez a sua parte. O que não considero ideal é se omitir nessa situação, deixando o circo pegar fogo e o ambiente se deteriorando.
Pode ser um choque para a pessoa que começa a se dar conta do seu comportamento, ouvir o que o outro tem a dizer, mas, se você for empático, não emocional e colocar exemplos das situações que ocorrem, isso poderá acontecer de uma melhor forma.
Cuidado apenas para não envolver os liderados dele de maneira direta, ou seja, dê exemplos amplos sobre atitudes dele que estejam gerando esse ambiente tóxico e não sobre pessoas em si ou situações específicas em que “Maria ficou chateada e reclamou com Pedro”, mas, aquilo que você vê no dia a dia e que pode criar mal-estar e improdutividade.
Todo líder que se preze deseja resultados, então, mostre a ele que esse hábito ruim pode estar justamente influenciando na produtividade da equipe.
Dicas para planejar seu feedback com antecedência
1 – Seja claro: descreva os impactos das atitudes dele na empresa, para os demais, subordinados, áreas pares e para ele mesmo. Além disso, comente sobre como isso pode influenciar na carreira e reputação dele como profissional.
2 – Pergunte a ele como se sente: escute ativamente, tentando “entender o lado dele”, o que sente, pensa e como vê a situação.
3 – Não jogue com a culpa: evite palavras negativas, elimine o seu julgamento e interpretação e se atenha aos fatos em si, não aos sentimentos envolvidos nas atitudes dele.
4 – Peça feedback: pergunte sobre como ele te vê, como você contribui com a área, o que poderia melhorar. Se você fizer algo “de igual para igual”, é mais fácil quebrar barreiras.
5 – Divida alguma história pessoal: conte sobre uma melhoria que fez em sua postura após algum feedback recebido, isso quebra o gelo e rompe a ideia de “perfeição”, gerando um ambiente mais humanizado e seguro em que pode fluir a comunicação.
6 – Pergunte para saber se foi compreendido: peça para que ele fale sobre o que entendeu do seu feedback, colocando com as palavras dele aquilo que foi falado, sugerindo um comprometimento sobre as possíveis mudanças que serão implantadas
Dica bônus: para que o discurso não se perca, peça que ele desenhe junto de você 5 ações que vai começar a implantar imediatamente, estabelecendo prazos para conclusão. Assim, vocês saem da fala pura e simples e ele pode partir para a ação, medindo a evolução e os resultados.
Depois me conta como foi! Sucesso!