Separar, ficar com outra pessoa e voltar

Separamos e voltamos duas vezes. Na primeira vez, quando fiquei com outra pessoa, ele entendeu… Conto a ele que isso aconteceu pela segunda vez?

E-mail enviado por uma leitora:

“Andei procurando uns textos na internet que parecessem com minha situação. Eu, sinceramente, estou muito perdida. Eu namoro um homem comprometido. Ele está resolvendo sua situação em casa, para que possamos dar continuidade juntos.

Teve um período muito conturbado. Então, não aguentei mais a
situação. Ele me prometeu resolver-se e eu criei muitas expectativas. Depois que isso aconteceu, eu fiquei muito frustrada e quis terminar. Nesse período de término, que foi mais ou menos um mês, eu fiquei com uma pessoa. Acontece que eu não sei se conto isso a ele, pois nossa situação não é fácil. Ele acha que eu tive algum envolvimento com outra pessoa e
sabe, eu me sinto perdida. Eu o amo, mas essa situação está me
deixando transtornada!

Queria ter a liberdade de contar e seguirmos nossas vidas! Mas esse episódio já aconteceu uma primeira vez. Eu contei a verdade que fiquei com alguém. Não sei, se numa segunda vez, serei perdoada. O que quero deixar claro é, se terminamos, não é traição. Eu sei. Mas eu não quero segredos entre nós. Como posso fazê-lo entender essa situação? Não é fácil.”

Resposta: Não é fácil mesmo! Parece que você está dentro de um círculo vicioso onde as situações se repetem e não levam você ao final feliz… E você acaba se culpando e achando que a errada é você. No momento, tem medo de contar que “traiu” seu namorado comprometido, pois ele pode não “perdoar” você porque essa “traição” já aconteceu uma vez!

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Quem é o traidor e quem é o traído?

Vamos tentar entender essa situação: quem é o traidor e quem é o traído nessa história toda? Ele te promete uma coisa que não pode, não quer ou não consegue dar. Você, para se livrar da angústia de estar dando uma de boba, resolve se relacionar com outras pessoas também. Afinal, se ele, comprometido, pode ter duas mulheres, por que você, sem compromisso formal, não pode?

Então, voltando à questão do traidor e do traído: quem trai nessa história? Ele, que te fala uma coisa mas faz outra, ou você, que sem compromisso formal com ninguém, resolve deixar entrar em sua vida amorosa quem você acha que deve?

Bem, reflita sobre isso. E resolva se deve abrir o jogo com ele ou manter sua vida amorosa pessoal só para você. Lembrando que, se, quando você abriu o jogo com ele, existia alguma expectativa sua de que o medo de perder você o empurrasse para uma decisão, essa expectativa não se realizou. E se ela não se realizou na primeira “traição”, existe uma chance de que contando desta vez, tudo continue exatamente como está.

Afinal, não é muito lógico esperar uma resposta diferente de uma situação que se repete. O mais provável é que ele continue te enrolando. E você vai perdendo a chance de conhecer pessoas que realmente querem estabelecer um vínculo com você. Pensar nisso é mais importante do que tentar, como você descreve, “sair da relação mostrando a ele que não traiu”.

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Afinal, quando você diz isso, parece que está mais preocupada com sua imagem do que com sua realização amorosa, seus planos de vida.

Vamos voltar ao que realmente importa?

Se você quer realmente se encontrar no meio de todo esse emaranhado, faça uma revisão de sua relação com essa pessoa desde o começo. Você ainda gosta dele? Acredita que ele vai se separar de fato? Está disposta a viver com alguém que é inseguro quanto aos próximos passos que quer dar?

Lembrando que se você deseja um relacionamento aberto, onde as verdades são expostas doa a quem doer, talvez esse não seja o que se encaixa nesse modelo. Além do quê, se ele tem um relacionamento duplo com a oficial e a extraoficial neste momento, pode ser que no futuro, mesmo você se tornando a oficial, a possibilidade de entrar uma extraoficial no pedaço seja grande.

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Assim, para continuar com ele, é importante que todos esses pontos sejam levados em consideração para não haver tombos e frustrações depois. E mais importante ainda, é você entender até onde está disposta a levar essa história que, sem dúvida, expõe você ao risco de ficar dando voltas em torno desse assunto não resolvido e esquecer que você existe e suas escolhas existem.

Afinal, relacionamento afetivo não pode e nem deve ser a prova das suas qualidades e competências, pois não depende só de você.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.