por Joel Rennó Jr.
O estresse crônico ao produzir dois hormônios conhecidos como cortisol e noradrenalina, podem ser um dos inimigos da memória. Há trabalhos experimentais demonstrando, por exemplo, os efeitos nocivos de tais substâncias químicas sobre o Sistema Nervoso Central, incluindo a região do hipocampo, que é a região da memória. Tais efeitos negativos (pode haver até morte dos neurônios) costumam ser reversíveis quando a resposta ao estímulo estressor é controlada.
Portanto, a primeira dica para evitar lapsos de memória é saber lidar com o estresse ao qual todos somos submetidos nas diversas situações e contextos de nossas vidas. Ninguém está livre do estresse, apenas precisamos desenvolver mecanismos adaptativos que façam com que os efeitos nocivos dele sejam os menores possíveis. O nível de impacto negativo do estresse é que precisa ser controlado. Isso pode ser aprendido através de psicoterapia cognitiva (que muda o foco do pensamento), técnicas de relaxamento e até determinadas ações sociais, além de atividades físicas regulares. O simples ato de fazer o bem às pessoas ativa o Sistema de Recompensa Cerebral levando a uma felicidade extrema. Lamentavelmente, estamos perdendo a solidariedade e generosidade nos dias atuais.
Além do estresse, transtornos mentais como depressão, síndrome do pânico, ansiedade generalizada, entre outros, podem também levar a lapsos de memória. Nestes casos, é importante o tratamento realizado por psiquiatras e psicólogos.
Deve-se evitar o uso crônico de benzodiazepínicos, os conhecidos "calmantes" ou remédios conhecidos como "faixa preta". Eles podem, caso não sejam prescritos e acompanhados por médicos, causar dependência e prejuízos de memória. Outros medicamentos também podem ter efeito sobre a memória; daí a importância de todos os pacientes perguntarem aos seus médicos sobre efeitos colaterais dos medicamentos sobre a memória.
O uso de álcool, drogas, inclusive o tabagismo também podem prejudicar a memória. Algumas mudanças de hábitos de vida ajudam na preservação da memória. Deve-se sempre fazer um check-up da saúde, principalmente, após os 40 anos de idade, já que algumas doenças clínicas como hipercolesterolemia (colesterol alto), hipertensão, AVC (acidente vascular cerebral) e distúrbios do sono podem também levar a prejuízos de memória.
O exercício mental, através de leituras variadas, palavras-cruzadas, estudos de novas línguas e também novos aprendizados intelectuais ou manuais são fundamentais para combater o esquecimento. Portanto, o óbvio é manter-se mentalmente ativo. Nada de aposentadoria para o cérebro.
Na dúvida, procure um profissional da área de neurologia ou psiquiatria. Na maioria das vezes, os lapsos de memória não são causados por doenças clínicas ou neurológicas, principalmente, em jovens saudáveis, mas sim pelo estresse diário da sociedade altamente competitiva e individualista dos dias atuais. Lapso de memória é apenas um dos sintomas, merece uma investigação objetiva e esclarecedora.