Como lidar com a paixão não correspondida quando se tem de conviver com a pessoa?

Por Anette Lewin

Depoimento de um leitor:   

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"Estou lhe escrevendo por me encontrar em um verdadeiro labirinto passional. Tenho certeza de que você pode me ajudar! Estou há 4 anos em um relacionamento sério, mas conheci uma garota muito intrigante. Infelizmente, como em muitos casos, alimentei a vaga esperança de "ter uma chance" com ela; banalmente por ela demonstrar certas atitudes comuns, que eu superestimava. Mas até aí, nada muito fora do normal. A questão é a seguinte: eu sou muito próximo dela. Trabalhamos na mesma equipe. Ela não sabe dos meus sentimentos, mas já percebi que não a atraio e ela está apaixonada por outro. Não consigo deixar de pensar nela, muito menos de esquecê-la por conta desse contato frequente e, sinceramente, não desejo me afastar dela, pois ela me trata muito bem e gosto do seu companheirismo, mesmo como amiga. Já passei por vários tipos de situações e paixões, mas essa está realmente muito distinta. Desde já agradeço a ajuda."

Resposta: Certamente as paixões acontecem na vida de todo mundo: casados, noivos, solteiros, separados, ninguém está livre de perceber-se um belo dia completamente encantado por alguém. Em geral alguém que conhece pouco, mesmo, como no seu caso, sendo essa pessoa alguém com quem se tem contato todos os dias. Em tempo: ter contato profissional é conhecer a máscara profissional da pessoa, o lado mais "civilizado", mais político, mais sociável, como exige qualquer ambiente de trabalho. Não significa conhecer a pessoa a fundo. Mesmo porque um dos ingredientes da paixão é a possibilidade de projetarmos em alguém aquilo que gostaríamos que esse alguém fosse. E para que isso ocorra, é necessário que a pessoa em questão tenha lados desconhecidos para podermos preenchê-los com a projeção do nosso eu ideal.

Tudo isso para dizer que a pessoa pela qual você se sente apaixonado no momento, provavelmente, por enquanto, não passa de uma "sombra" de você mesmo. Para saber como ela é de fato, só convivendo com ela mais intimamente. E isso, pelo que você diz, ela não quer. Porque não se sente atraída por você e por que gosta de outro.

Você tem uma namorada. Tente avaliar como está seu relacionamento que já dura 4 anos. Você realmente estaria disposto a trocar sua namorada por outra pessoa que parecesse mais atraente? Está com ela só para não estar sozinho ou vê nela qualidades que justificam planos futuros? Sente falta da paixão do início do namoro? Gostaria de terminar o relacionamento mas só terminaria se já tivesse alguém para colocar no lugar dela? Sim, nesse momento por mais que pensar na pessoa que você quer conquistar seja mais interessante, pensar na que já conquistou é essencial. Porque se não tomar cuidado pode ficar sem ela também.

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É importante perceber que seu conflito está mais na sua cabeça do que no plano real. Você não está na posição de quem tem que escolher entre duas mulheres; está, no máximo, na posição de quem tem que optar entre ficar com a namorada que tem ou terminar seu namoro e ficar sozinho e livre para relacionar-se com quem quiser. Desde, é claro, que a pessoa escolhida também queira. Tente resolver esse conflito de forma consciente e não fantasiando um relacionamento utópico. Sonhar é bom, mas viver apenas de sonhos é frustrante.

Apesar de tudo o que foi levantado, é claro que você pode arriscar e continuar tentando conquistar sua colega de trabalho. Afinal, a lógica não é a única diretriz na vida de ninguém. Se você encarar essa conquista como um desafio para testar seus limites e não se preocupar com o final da história, seja ele qual for, sua tentativa terá sido válida. Pense porém, como já foi dito, no que você fará com uma paixão conquistada caso ela perca, com o passar dos tempos, o brilho do desconhecido. Vai trocar novamente? Repetir a mesma história várias vezes na sua vida? Ter paixões que sejam eternas enquanto durem? Namorar várias pessoas por um tempo e depois acomodar-se com alguém? Tudo é válido, desde que você saiba medir consequências e assuma a opção que fez com seus ônus e seus bônus.
 

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.

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