As emoções decorrentes da pandemia fez aflorar nas pessoas, de modo intenso, tudo o que elas têm de bom ou de ruim
A culpa dos pais, e da mãe de uma forma bem peculiar, do início desta pandemia pra cá, tem aumentado mais ainda, pois foi fundamental que as famílias se adaptassem a uma realidade com as crianças dentro de casa e um novo formato da educação jamais vivido anteriormente.
Agora, tudo começa a reabrir e a voltar a uma “quase normalidade” preexistente. E lá vamos nós: mães e pais nos reinventarmos novamente para essa abertura do mundo. Na clínica, escuto as mães dizendo: “Dra., eu que lute com essa nova realidade”.
Vivemos numa sociedade educacional violenta onde nos acostumamos a ouvir e a enxergar pais baterem ou recriminarem as crianças de forma agressiva e hostil, muitas vezes, até em público.
Nós nos cobramos por uma atividade enquanto pais à beira de uma perfeição. Isso não é possível nem real, mas sofremos com isso.
Lembre-se: entre o ideal e o real, faremos o que for possível. Mas sempre tentando dar o melhor de nós.
Nesta pandemia, todas as relações foram afetadas. Relacionamento conjugal, relação pais e filhos, relacionamentos sociais e de trabalho. Foi uma intensa convivência vivida por todos, e sofremos pela retirada das “válvulas de escape” que eram responsáveis por nos dar um certo equilíbrio mental. Eram saidinhas sociais, viagens etc que nos possibilitavam, muitas vezes, “respirar” do ambiente tenso. Com isso, veio a repercussão que temos agora de tantos adoecimentos em saúde mental como nunca vistos antes.
Como lidar com as sequelas emocionais decorrentes da pandemia
Umas das orientações que faço para que possamos nos proteger de sequelas emocionais, é compreender que é na relação comigo e com as minhas emoções, como me relaciono com os outros e com as minhas frustrações, que posso verificar as consequências da violência sofrida na infância. Minhas reações denunciam o tamanho da minha sequela.
Assim, o que foi vivido nessa pandemia até agora aflorou muito nas pessoas tudo o que elas tinham de ruim, dentro delas, e emoções mal resolvidas, assim como, em algumas, aflorou o que elas têm de bom. As consequências são de cada um. Pois cada um de nós carrega um enredo próprio, com marcas, dores e alegrias. Toda essa peculiaridade faz com que tenhamos consequências diferentes diante do mesmo fato: a convivência na pandemia.
Mas, enfim, o importante é lembrarmos que se fizermos um percurso próprio de autoconhecimento e nos entendermos cada vez mais, toda consequência vivida nos trará menos sequelas emocionais. Ou seja, descontaremos menos nos outros nossas dores e frustrações se as compreendermos e se nos entendermos e fizermos as pazes conosco.
Finalizo com uma frase do Padre Fábio de Melo:
“Eu me divorcio do passado; faço a justa divisão de bens.
O que dele eu considero importante guardar; o que dele eu preciso esquecer. Faço as malas, mudo de casa, pois só assim eu posso aceitar o pedido do presente de me casar com ele”.
Desejo que você consiga percorrer este caminho de paz com você mesmo e se casar com você antes de qualquer coisa.