por Anette Lewin
"Estou me sentindo angustiada, pois estou noiva e meu casamento está se aproximando. O fato é que antes estava feliz com a ideia mas… com essa aproximação, os preparativos, a pressão financeira e familiar, fez a minha ficha cair: 'vou me casar'. De repente me bateu um medo… Tipo: 'já estou com saudade de minha mãe'; 'será que vou perder a minha liberdade?'; 'o que vai mudar depois…' Enfim, estou com medo de casar. Se puder me ajudar, desde já, agradeço."
Resposta: Em geral, ganhar alguma coisa implica em abrir mão de outras.
Escolhas sempre envolvem opções. Não parece que você tem medo de casar; você tem medo de perder! Sua angústia acontece por você associar o conceito de opção com o conceito de perda.
Repense. Será que todas as vezes que fazemos uma opção necessariamente perdemos alguma coisa? Talvez, para o questionamento dessa crença que tanto a perturba vale a pena relembrar a celebre frase de Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".
O mesmo deve acontecer com sua vida depois de casada. Você não deixará de entrar em contato com sua mãe, caso não queira que isso aconteça. Apenas o contato se transformará. Será melhor? Pior? Não sabemos. Apenas diferente.
Sensação de liberdade, por sua vez, é um conceito muito mais subjetivo do que objetivo. Se você se sente livre no seu modo de pensar, de agir, de julgar, não é um contrato de casamento que vai tirar essa liberdade de você!
Às vezes o ritual do casamento pode tambem despertar sensações ambíguas. Você não pode esquecer que toda essa correria, esses gastos, essa tentativa de fazer as coisas da melhor forma possivel, a pressão por prazos etc produzem uma sensação de inquietação que pode parecer insuportável a longo prazo. Fique sossegada. Isso acaba no dia do casamento! Depois você terá tempo de, aos poucos, começar a construir aquilo que realmente é o casamento: sua vida a dois. E para isso você tem todo o tempo do mundo…
Sentir-se responsável pela opção feita, por outro lado, sinaliza um bom prognóstico. É natural, para quem pretende que o casamento funcione, sentir uma certa insegurança sobre o "como fazer" . Mas é importante lembrar que relacionamentos amorosos bem-sucedidos se constroem basicamente com empenho, vontade, sensibilidade e capacidade de se colocar no lugar do outro; que a vida amorosa não é e nem deve ser o único foco do casal sob pena de virar obsessão; e que nos dias de hoje as pessoas podem e devem reavaliar suas escolhas amorosas para que realmente só sejam eternas enquanto durem.