por Aurea Caetano
Persona é o nome de uma máscara utilizada por atores no teatro clássico. Jung tomou emprestado o nome para falar da “máscara” necessária que cada um de nós utiliza em sua relação com o mundo; a face que utilizamos em nosso confronto com os outros.
A persona é construída a partir de atributos que nos definem em nossas relações com o mundo. Somos homens ou mulheres, de uma determinada cor e raça, de certa origem social, realizamos determinadas tarefas, temos profissões específicas, estamos em determinada fase da vida. Todos esses atributos nos definem e orientam nosso funcionamento no mundo.
Essa máscara serve para mediar nossas relações, facilita o contato e o intercâmbio com os outros; é desenvolvida desde o início da vida. Vamos sendo definidos e funcionamos a partir desses atributos; nos nomeamos de tal e tal forma, como maneira de facilitar as interações sociais. Até aí, nada demais!
As questões surgem quando nos identificamos de forma rígida com esses atributos acreditando que somos “apenas isso” e não permitindo que outras características tenham a possibilidade de aparecer. Se estou identificado com a persona de filho, pode ser difícil, por exemplo, desempenhar o papel de pai ao me tornar um. Se estou habituado a utilizar a persona de cuidador, terei muita dificuldade, ao ficar doente, não poder permanecer nesse papel. Isso explica muitas das dificuldades pelas quais passamos ao ter de assumir novos papeis.
Muitas vezes estamos tão identificados com um determinado papel que não percebemos outras possibilidades de atuação. A persona deve poder estar em constante transformação. De forma normal, temos alguns atributos básicos imutáveis: sexo, por exemplo, cor, lugar na família. No entanto, vários outros atributos podem ser modificados: a profissão, a posição social, casamento, filhos. Além dessas características mais objetivas, por assim dizer, podemos pensar também em características de comportamento ou personalidade.
A persona que de alguma forma escolhemos “representar” no mundo não é uma máscara, no sentido de um disfarce. É mais algo que sou, que me define, a partir de minha identidade básica, e que escolho para me relacionar com o mundo. Sendo assim é genuína e verdadeira. O problema, insisto, surge quando me identifico rigidamente com esses papéis passando a acreditar que sou “apenas” eles e nada mais.