Como prevenir pedras nos rins

Evitar os alimentos que contribuem na formação de cálculos renais e consumir plantas e nutrientes que os previnem é a estratégia a ser seguida. Refrigerantes e produtos altamente processados devem ser cortados da dieta. Alimentos ricos em cálcio, magnésio e potássio ajudam no controle da formação de pedras nos rins. Plantas fontes de polifenois atuam positivamente na saúde renal. Chás de várias ervas têm ação cientificamente comprovada.

Frutose natural X frutose adicionada

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Não se deve confundir a frutose adicionada em sucos, refrigerantes e em inúmeros alimentos processados, com a frutose natural presente nas frutas, a qual não causa efeitos adversos na saúde. A frutose adicionada contribui para aumentar a formação de pedras urinárias através de ações no metabolismo de uratos (ureia, ácido úrico) e no pH urinário (acidez), principalmente em indivíduos com síndrome metabólica, caracterizada por obesidade, hipertensão, resistência insulínica e triglicerídeos altos.

Ácido úrico

A ingestão de frutose está associada com aumento do nível sanguíneo de ácido úrico e de oxalato na urina, diminuição do nível de cálcio no sangue, um pH urinário ácido e redução do magnésio urinário. Quando os níveis de ácido úrico sobem, há queda de óxido nítrico (relaxa e abre os vasos) e elevação de angiotensina (tensiona e estreita os vasos). Isto faz com que as células de músculo liso (que revestem os vasos sanguíneos) se contraiam, aumentando a pressão arterial e o dano potencial aos rins.

Refrigerantes

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Refrigerantes acidificam a urina devido ao alto teor de ácido fosfórico e contribuem diretamente para a formação de pedras nos rins. Um grande estudo com 194 mil pessoas, seguidas durante dez anos, mostrou que quem consome um refrigerante diário tem risco relativo 33% maior de desenvolver cálculos renais. Os pesquisadores também descobriram que determinadas bebidas diminuíram o risco, como café, chá, cerveja, vinho e suco de laranja – todas melhores opções do que refrigerantes, certamente!

Medidas nutricionais

Pedras nos rins podem ser controladas através de medidas nutricionais para prevenir a sua recorrência. Suplementos de cálcio são contraindicados, porém o cálcio natural presente nos alimentos é benéfico. Antes se acreditava que o cálcio deveria ser restrito na dieta, pois a maior parte das pedras é de oxalato de cálcio. No entanto, a restrição dietética de cálcio pode levar à desmineralização óssea e ao aumento da formação de cálculos. De acordo com a Sociedade Americana de Nefrologia, o cálcio dietético se prende ao oxalato, que é eliminado do corpo antes que haja a formação de novas pedras.

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Alimentos ricos em cálcio, magnésio e potássio

Os melhores alimentos para fornecer cálcio incluem folhas verdes, vegetais crucíferos (repolho, brócolis, couve-flor), nozes e sementes oleaginosas, leite, queijos e iogurte integral. Magnésio e potássio ajudam no trabalho renal, acelerando a eliminação de compostos formadores de pedras, como oxalatos e uratos. As melhores fontes são folhas verdes, aipo, brócolis, abacate, água de coco, melancia, banana, mamão, laranja, feijão, lentilhas, sementes oleaginosas, inhame, peixe e frutos do mar.

Evite o oxalato

Quem tem propensão para formar cálculos deve reduzir o consumo de alimentos ricos em oxalato, e os principais são espinafre, ruibarbo, folhas de beterraba, molho de tomate, batata, germe de trigo, chocolate, amêndoa e amendoim. Sempre que consumir um alimento rico em oxalato acompanhe com outro rico em cálcio, assim o oxalato será eliminado na urina. Excesso de carne, principalmente a processada, e de sódio também são contraindicados.

Plantas contra pedras

A ocorrência de pedras nos rins é uma doença comum no sistema urinário. Vários estudos em humanos mostraram que dietas com maior ingestão de legumes e frutas desempenham um importante papel na prevenção de cálculos. Chá verde, salsa, romã, cominho preto, hibisco, garcinia, orégano, goma de mastique, framboesa, urtiga, quebra-pedra e outras plantas vêm recebendo interesse considerável com base em evidências científicas. E mais, chás preparados com estas ervas ajudam na hidratação, outro fator importante na prevenção de pedras renais.



Chá de quebra-pedra é seguro para o consumo

Quebra-pedra, cujo nome científico é Phyllanthus niruri, é uma erva que cresce principalmente na estação chuvosa em todo tipo de solo, sendo comum aparecer nas fendas das calçadas, terrenos baldios, quintais e jardins, em todo o Brasil e no mundo. Ela é comumente usada em forma de chá para tratar pedras nos rins, fazendo parte da medicina popular. A ciência comprova que seu efeito é real: esta planta contribui para a prevenção e eliminação de cálculos urinários. Ela aumenta a filtração glomerular e a excreção de ácido úrico, diretamente ligado a problemas renais. Quebra-pedra também promove relaxamento dos ureteres e tem ação analgésica, o que facilita a descida e expulsão de cálculos, e ajuda a limpar os fragmentos das pedras após uma litotripsia (procedimento que tritura cálculos grandes retidos no sistema renal).

Como tomar o chá

Quebra-pedra aumenta a excreção urinária de magnésio e potássio (alcalinizantes da urina), e reduz oxalato urinário. Não foram detectados efeitos adversos renais, cardiovasculares, neurológicos ou tóxicos em nenhum estudo, sendo uma erva segura para consumo. O chá é preparado com 20 gramas (duas colheres de sopa) da planta seca para 1 litro de água, e deve ser tomado ao longo do dia. Quebra-pedra também é encontrada sob a forma de extrato seco em cápsulas.

Polifenóis

Além das plantas dietéticas, bioativos da grande família dos polifenóis, como curcumina, catequinas, diosmina, rutina e quercetina, são eficazes na prevenção de pedras nos rins. Os principais mecanismos das plantas e de fitonutrientes incluem atividade diurética, antiespasmódica, anti-inflamatória e antioxidante, bem como um efeito inibitório na cristalização e agregação de cristais de oxalato de cálcio.

Curcumina

Um estudo recém-publicado mostrou que curcumina pode aliviar significativamente a deposição de cristais de oxalato no rim de cobaias, evitando uma lesão renal e a formação de cálculos. As propriedades pleiotrópicas (múltiplas vias de ação) tornam a curcumina uma boa escolha para prevenir e tratar cálculos recentes ou recorrentes. Outra pesquisa mostrou que a associação de rutina e curcumina inibe a formação de pedras por oxalato de cálcio. Este efeito é mediado através de uma redução da concentração urinária de cristais de oxalato, e por ação anti-inflamatória e antioxidante.

Referências

*BMC Nephrology 2018. Fructose increases risk for kidney stones.

*Cureus 2017. Manifestations of Renal Impairment in Fructose-induced Metabolic Syndrome.

*Clinical Journal of the American Society of Nephrology 2013. Soda and other beverages & the risk of kidney stones.

*Research & Reports in Urology 2019. The relationship between kidney stones & dietary habits.

*Medical Science Monitor 2019. A Study of Diet and Lifestyle & the Risk of Urolithiasis in 1.519 Patients in Southern China.

*Nutricion Hospitalaria 2019. Nutritional intervention in the control of gallstones & renal lithiasis.

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*International Brazilian Journal of Urology 2018. Effect of phyllanthus niruri on metabolic parameters of patients with kidney stone: a perspective for disease prevention.

*International Journal of Immunopathology & Pharmacology 2019. Progress and prospects in the management of kidney stones and developments in phyto-therapeutic modalities.

*International Journal of Molecular Sciences 2018. Dietary Plants for Prevention & Management of Kidney Stones: Preclinical & Clinical Evidence & Molecular Mechanisms.

*Phytomedicine 2019. Curcumin ameliorates induced calcium oxalate deposition & renal injuries in mice.