por Emilce Shrividya Starling
Nossas tendências negativas não vão embora por elas mesmas. Precisamos de autoesforço e persistência para conquistar a nós mesmos.
O ser humano é formado de hábitos. E, mesmo tendo consciência do que é benéfico e do que é nocivo, muitas pessoas persistem nos hábitos ruins por falta de firmeza interior, por comodidade, pelo prazer dos sentidos, por preguiça de transformar-se para melhor.
E assim, elas dizem:
– Queria parar de fumar, pois sei que é um veneno para meu corpo, mas já tentei e não consigo…
– Sei que preciso parar de beber porque me faz mal, prejudica a mim, ao meu trabalho, à minha família, mas não tenho força.
– Não vou mais comer tantos doces porque não é saudável…
– Eu nunca mais farei isso de novo, esta é a última vez.
E a pessoa pode fazer algo pela última vez muitas e muitas vezes.
O processo purificador do yoga é muito importante para purificar os hábitos negativos e para o desenvolvimento de bons hábitos.
Por essa razão, meditamos, fazemos hatha yoga, repetimos mentalmente o mantra Om Namah Shivaya, cantamos mantras, fazemos serviço altruísta, aplicamos os ensinamentos em nossa vida diária, nos tornamos mais disciplinados, começamos a nos entregar à vontade do Ser interior. Todas essas práticas vão eliminando as tendências negativas e os hábitos errados.
O yoga nos ensina que para ficarmos livres de um hábito negativo é importante substituí-lo por um hábito bom, por um hábito benéfico. E, para conseguir isso, precisamos de disciplina e persistência.
A disciplina no yoga desenvolve essa constância e resistência. Simbolicamente podemos dizer que o Yoga cria músculos na alma, pois desenvolve a vontade hábil da alma, firmeza, a determinação, a coragem, o entusiasmo.
É necessário o esforço sobre si, o autodomínio e a superação dos obstáculos. Este autoesforço deve começar em nossa mente, na constância de nossos propósitos, na perseverança de nossos ideais, na determinação de se esforçar para superar os desafios.
A perseverança e firmeza no yoga são qualidades inestimáveis que lhe ajudam em sua caminhada.
As práticas da hatha yoga e da meditação tornam seu corpo forte, purificam os desejos e fortalecem a vontade interior.
Não permita que um obstáculo pare você. Não se dê nem mesmo a chance de desanimar porque quando permite sentir-se assim, isso se torna uma tendência que se repete continuamente.
Adquira força para percorrer o caminho. Suporte o que lhe acontecer, com aceitação, sem revolta.
Como disse Baba Muktananda, um grande Mestre iogue: "Até que a batalha seja vencida, pratique yoga incansavelmente. Continue a lutar até se tornar destemido. Confie em seu próprio Ser interior".
Transforme a mente negativa em positiva
A única batalha a ser enfrentada é para conquistar a mente negativa e transformá-la em positiva. Vale mais conquistar a si mesmo do que vencer mil exércitos.
A disciplina do yoga não é autopunição, repressão ou severidade. É o autodomínio calmo e sadio. Assim como um homem maneja um cavalo com firmeza e consideração, assim também deve manter seu corpo, seus sentidos e sua mente.
O Katha Upanishad, uma escritura indiana, usa essa imagem quando diz:
"Os sentidos são os cavalos; as estradas que eles viajam são os labirintos dos desejos. Quando falta a um homem discernimento e sua mente está descontrolada, seus sentidos são incontroláveis, como os cavalos rebeldes de uma carruagem.
Mas, quando um homem tem discernimento e sua mente está controlada, seus sentidos, como os bem treinados cavalos de uma carruagem, facilmente obedecem ao freio.
O homem que tem um bom entendimento e uma mente controlada – é ele que alcança o fim da jornada".
Vamos contemplar o 3º verso dos Oito versos para o Treinamento da mente que diz:
"Que eu aprenda, em todas as ações, a perscrutar a mente,
Para que, tão logo surja uma emoção perturbadora
Que traga, a mim e ao outro, algum sofrimento,
Que eu a enfrente com firmeza, afastando-a "
Esse sábio ensinamento nos diz para aprender a observar a mente em todas as nossas ações. Aprender a ter vigilância sobre nossa mente para perceber quando surge uma emoção perturbadora que causa sofrimento a nós e aos outros. E, assim, imediatamente, a enfrentar com firmeza, afastando-a.
As emoções perturbadoras como raiva, orgulho, inveja, ciúme, desejos são obstáculos à paz interior e felicidade. Essas emoções negativas são nossos verdadeiros inimigos e não podemos permitir que continuem em nossa mente.
Emoção negativa: vigie a mente e use como antídoto a qualidade oposta
E, como diz Dalai Lama, em seu livro A Arte da Felicidade, devemos bloquear essas emoções negativas imediatamente, usando os antídotos, que são as qualidades opostas. Devemos pensar na qualidade oposta usando a razão para produzir uma atitude contrária.
Em vez de raiva, cultivar o amor, em vez de orgulho, cultivar a humildade, em vez da inveja, pensar na bondade, em vez de alimentar o ciúme, pensar em confiança.
É importante usar imediatamente o antídoto adequado e interromper a emoção perturbadora antes que ela crie raízes e se desenvolva. Daí a vigilância sobre os pensamentos, substituindo os pensamentos negativos pelos seus opostos.
No entanto, se não conseguir fazer isso, afaste pelo menos sua mente dessa emoção aflitiva. Sinta a respiração. Inspire e expire algumas vezes. Faça uma caminhada. Lembre-se do mantra Om Namah Shivaya. Ore em silêncio ou em voz alta para a Chama Violeta. (clique aqui).
Compreenda que se você alimentar essas emoções perturbadoras, sua mente ficará sob a influência dessas emoções e se sentirá desconfortável e infeliz. Poderá falar ou agir de maneira errada e isto trará desarmonia, conflitos e sofrimentos.
Um ditado diz: "Se quiser saber o que fez no passado, examine seu corpo agora; se quiser saber o que vai lhe acontecer no futuro, observe o que sua mente está fazendo agora".
A teoria da ação e reação explica que nosso corpo atual e nossa situação geral foram criados pelas ações que fizemos no passado. E, que nossa felicidade ou sofrimentos futuros estão em nossas mãos no momento presente.
Como não queremos sofrer e desejamos ser felizes, precisamos entender que os atos errados conduzem ao sofrimento e as ações corretas conduzem à felicidade. Devemos, portanto, abandonar as ações erradas e desenvolver as virtudes, seguindo o Dharma que é o correto pensamento, a correta palavra, a correta ação.
Dizemos que o yoga é como as asas de um pássaro. Uma asa é o doce autoesforço e a outra asa é a graça divina. E quanto mais autoesforço, mais graça, proteção e bênçãos atraímos para nós.