por Anette Lewin
"Existe um momento em que o casamento chega num conflito/impasse (ou crise) em que você está com insatisfações que se arrastam há meses, ou até há anos, e fica meio perdido, sem saber se é bom ou ruim. Gostaria que você desse indicadores de quando o caldo realmente entornou ou de quando ainda vale a pena insistir…"
Resposta: Cada relacionamento requer uma avaliação específica para se saber se já está esgotado ou não. Não se pode considerar esgotados aqueles relacionamentos que travam sempre no mesmo ponto, ou seja, aqueles em que os parceiros vivem a mesma trajetória e chegam a um mesmo ponto de impasse; nesses casos vale uma conversa, uma terapia, enfim, uma tentativa de explorar mais a relação e vivenciá-la de um outro ângulo.
Por outro lado, aqueles relacionamentos em que os parceiros ousaram mudanças, elas funcionaram durante algum tempo e a insatisfação voltou e continua a voltar cada vez mais frequentemente, sinalizam que a relação provavelmente se esgotou.
Outro ponto a ser considerado é o nivel de consciência que os parceiros têm do que seja uma relação amorosa.
Muitas vezes as pessoas são apaixonadas pela "paixão" e não por uma pessoa, e quando ela acaba não sabem mais o que fazer com a pessoa através da qual experimentaram essa sensação tão intensa; muitas vezes a mesma caracteristica que atraia no início do relacionamento se torna irritante depois de um certo tempo; e algumas vezes as pessoas vão descobrindo seu parceiro aos poucos e se apaixonando por ele.
Nesse sentido, relacionamentos menos conscientes, mais baseados na sensação de paixão tendem a ser mais curtos do que aqueles baseado nas descobertas e construções a dois. Parece um raciocínio óbvio, mas não o é para quem está apaixonado…
Características individuais dos parceiros também podem determinar a duração de um relacionamento amoroso. Aquelas pessoas que são felizes com o que têm tendem a ter relacionamentos mais duradouros do que aquelas que precisam ter para ser felizes. O mesmo se pode dizer das pessoas que se sentem bem no plano médio das emoções: preferem o conforto ao risco e tendem a manter suas parcerias amorosas por mais tempo.
Finalmente, não podemos esquecer que a relação amorosa não é para todos, principalmente nos dias de hoje em que quase tudo o que o ser humano precisa lhe pode ser proporcionado no nivel individual.
Relacionar-se amorosamente é um exercício para quem está consciente de seu gosto por dividir ou seja, a capacidade de abrir mão de um prazer imediato em detrimento de um prazer compartilhado. Na falta dessa característica os relacionamentos serão, certamente, muito curtos…