Dica para para sair da zona de conforto: desconforto na medida pode ser a receita para manter a resiliência e vencer desafios
Os mais velhos sabem. Nas pequenas coisas, transmutadas em grandes reflexões, eles conhecem os segredos do bem-viver. Minha tia tem 90 anos e, sob meus cuidados nos últimos três, surpreende diariamente toda a família nesse sentido. Sua lição, desta vez, é sobre ter força e perseverança para seguir adiante, não obstante todos os desafios que enfrenta – a falta de mobilidade e autonomia.
O simples e primeiro passo para poder sair da zona de conforto
É de manhã, nos dias mais frios, que ela nos ensina que, para não se acomodar, é preciso uma dose de desconforto. Não é fácil, para ela, sair da cama. No seu caso, nem permanecer por lá é simples. Mas há algo de que ela faz questão: manter a calma, a paciência diante do inevitável e, todos os dias, tirar os cobertores ao acordar – ali, somente o mínimo para agasalhar e não criar a cena propícia aos cochilos fora de hora. Afinal, ela quer estar disposta, independente de sua condição limitante. Os cobertores voltam se esfriar, ou na hora de dormir.
Em sua lógica e analogia, é preciso somente isso – um agasalho. Tudo o mais, aquele calorzinho extra gostoso, que convida aos cinco minutos de adiar o despertador, à inércia, tem sua hora certa. É preciso que o corpo e a mente reconheçam o momento de despertar, agir e de ceder. Do contrário, tudo nos põe à prova: Como e para quê sair da cama se está tão quentinho? Quantas cobertas serão necessárias para nos dar ainda mais a sensação de corpo acolhido naquilo que não nos desperta ou desafia? A tia reconhece que é bem fácil querer sempre mais…
Todos os dias, então, a rotina é trocá-la, ajeitá-la na cama, mas retirando as cobertas. Se mais frio, ela solicita deixar alguma, mas sempre menos do que eu acreditaria ser necessário. Gosto do meu “quentinho” bem quentinho e confesso que sem ser treinada para e pelo coaching, cedia bem facilmente aos apelos das cobertas. Hoje, além dos meus conhecimentos, com esse reforço metafórico, a tia me motiva.
Descubra o seu próprio segredo
Percebo, em seu conteúdo, que o segredo é o “agasalho” – o recurso na medida do frio, do obstáculo. É isso que garante ir adiante sem acomodações ou extenuantes. E vamos dosando tudo – verificando recursos, aprendizados, na demanda do desafio. E assim a chamada “zona de conforto” se desconstrói de maneira saudável, mais palatável e enriquecedora. Os mais velhos sabem. Os mais novos aprendem. Além de ambiente preparado para descanso merecido, meu quentinho é reservado, agora, para os dias mais conflituosos, a introspecção necessária, os momentos em que me permito. Não é mais lugar visitado sem consciência, nem esconderijo para fugir da ação, dos problemas e das inseguranças. O meu quentinho é, hoje, do “tamanho” certo. E o desconforto também.