por Roberto Santos
"Estou com muitas dúvidas sobre meu futuro profissional, preciso muito da opinião de um especialista para decidir qual rumo tomar… Sou fisioterapeuta, e por vários motivos não quero mais atuar nessa área. Me identifico com Logística, Comércio Exterior e Direito. Se eu fizer pós em Logística ou Comércio Exterior, tenho alguma chance de ser contratada em uma grande empresa? Ou minha formação inicial será um critério de exclusão? Paralelo a isso, estou tendo a oportunidade de cursar Direito sem pagar nada. Será que devo encarar a oportunidade para sair de vez da área da saúde?"
Resposta: Publiquei um artigo há alguns anos no Vya Estelar, em minha coluna sobre Gestão Pessoal, sobre "Encruzilhadas de Carreira" (veja aqui) e sua consulta parece ir bem ao encontro do tema.
Como fazer a transição de uma primeira carreira (Fisioterapia no seu caso), que já não está sendo fonte de motivação, mas provavelmente, ainda é fonte de seu sustento parcial ou integral, para uma segunda carreira em algo que lhe parece hoje mais interessante? Uma vez que uma de suas opções é o Direito, que inclusive poderá cursar gratuitamente, queria compartilhar uma história de um grande amigo meu, que se assemelha a seu momento e pode ser inspiradora.
Este amigo é formado em Educação Física pela USP (uma excelente escola) e atuou por muitos anos como professor de academia e personal trainer. Um dia comentou que se preocupava com o futuro como "personal trainer", pois com a idade limitaria sua procura, além de trazer menos motivação com o tempo. Como você, ele pensava em atuar como advogado, mas por alguns anos não falamos mais sobre o assunto e ele continuava dando aulas. Certa noite comentou que estava terminando seu curso de Direito de uma boa escola também e claro, perguntei como havia conseguido com aulas de personal trainer que dava de manhã, de tarde e de noite. Ele contou que negociou com os professores que não poderia frequentar as aulas, mas se comprometeria a entregar todos os trabalhos e fazer todas provas. Assim fez os cinco anos de curso noturno de Direito, com as melhores notas, e como menos de 20% dos formados em Direito, passou na primeira vez que fez o exame da OAB. Hoje tem seu escritório e aproveitou o networking que tinha com seus alunos de "personal trainer" para começar sua clientela. Gênio? Maluco? Sortudo? Acho que a resposta mais apropriada é querer muito uma coisa, acreditar em si mesmo, ser transparente e honesto com os professores, muita resiliência e perseverança. Coisa para poucos, talvez, mas acho que você pode ser um desses poucos.
Entre pós em Logística e Direito, acho que o segundo pode abrir muito mais portas, inclusive a de Logística. Essa pós pode ser uma boa alternativa depois do Direito e depois que conseguir alguma experiência em Logística, começando em um cargo mais iniciante, se puder conviver com um ganho menor do que o atual. Mas dar o primeiro passo para um destino que pode parecer distante – cinco anos por exemplo – é indispensável para chegar onde quer.
Boa sorte!